sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Gêneros e espécies

   

Olá leitores, dando prosseguimento às nossas anàlises sobre o mundo do grotesco, entraremos em seus gêneros e espécies.

Tendo em mente a definição de grotesco e pondo-o como uma categoria estética, vale agora dissecá-lo, a fim de ver a fundo seus mais complexos meandros.  O grotesco apresenta-se, segundo Sodré e Paiva (2002),  de duas formas: a representada e a atuada.

Representado

O modo representado diz respeito às situações em que o grotesco apresenta-se por meio de suportes de comunicação indireta, tais como:

  • ­  Escrito
                Literatura
                Imprensa
  •   Imagísstico
                Pintura
                Escultura
                Arquitetura
                Desenho
                Fotografia
                Cinema
                Televisão

Atuado 

Trata-se das comunicações diretas, comuns. Estas podem ser:

–  Espontânea
–  Encenada
– Carnavalesca

O gêneros atuado e representado podem apresentar-se sob a forma de quatro espécies ou modalidades expressivas, a saber:  grotescos escatológico, teratológico, chocante e crítico (comentaremos sobre eles nos próximos posts).



terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Grotesco: gêneros



Genericamente, o grotesco pode ser:


Representado - quando utiliza o suporte escrito, isto é, literatura e imprensa, ou o suporte imagístico, tais como pintura, fotografia, cinema, televisão, entre outros. Jornais de cunho sensacionalista ou popularesco apoiam-se neste gênero como forma para atrair leitores:



Atuado: ocorre por meio de situações de comunicação direta, vividas ou encenadas nos palcos. O gênero atuado subdivide-se, de acordo com Sodré e Paiva (2002), em três naturezas:

Espontânea – são acontecimentos da vida real que expõe questões irrelevantes para o grande público como sendo algo publicável. A exemplo disto temos os programas de colunismo social:



 
  • Encenada (burlesca ) – São formas de grotesco apresentadas em peças teatrais. Muito comum no teatro alagoano, faz rir utilizando gestos e expressões conhecidos e risíveis do novo público.
 


 
  • Carnavalesca – "aparece nos ritos e festas regidos pelo espírito carnavalesco, desde festejos populares até o carnaval propriamente dito." (SODRÉ; PAIVA, 2002, p.68)

Reprodução da internet.




O império do grotesco



São poucos os estudos aprofundados acerca do grotesco e suas manifestações. O livro O império do grotesco, escrito pelos professores Muniz Sodré e Raquel Paiva busca suprir este espaço fazendo um   estudo sobre as formas expressivas que singularizam a estética do grotesco apoiando-se em autores como Mikhail Bakhtin e Wolfgang Kayser . Vale lembrar que Muniz Sodré é autor de outra obra sobre o tema, A comunicação do grotesco.

A obra O Império do Grotesco faz uma abordagem ampla para a presença da categoria estética na comunicação massiva, dando ênfase a produtos midiáticos brasileiros, tais como a televisão, além de apresentar definições para o fenômeno, a categoria estética a qual pertence, sua classificação em gêneros e espécies e uma análise acerca da presença do grotesco na literatura, no cinema e na televisão. Os autores apresentam ainda o caminho percorrido pelo grotesco no mundo  da cultura e nas artes, desde a Antiguidade até os dias atuais, analisando os contextos históricos e socioculturais para evidenciar como o gosto pelo que é rídico e insólito prosperou graças aos gostos do público.

A “estranheza" do grotesco o aproxima do cômico e é assimilado pela cultura de massa brasileira com o intuito de compensar as angústias dos indivíduos dos grandes centros urbanos. O humor é, então, visto como elemento atrativo, alheio a padrões preestabelecidos, funcionando como uma “válvula de escape”. É possível rir dos aspectos trágicos ou das desproporções das formas, contrapondo-se assim aos padrões do esteticamente correto, esta possibilidade é a responsável pela permanência do grotesco na história, bem como sua recorrência nas artes e nas mídias contemporâneas. 

O livro propõe uma tipologia de gêneros e espécies do grotesco que serão abordados nas próximas postagens.
 


 Referência bibliográfica:
 
SODRÉ, Muniz e PAIVA, Raquel. O império do grotesco. Rio de Janeiro, Mauad, 2002, 154 p. 

 

Grotesco: espécies



Dentro do universo do grotesco, tanto nas formas atuadas, quanto nas representadas, a categoria estética possui quatro modalidades expressivas, a saber:

  •  Escatológico
  •  Teratológico
  •  Chocante
  •  Critico

Filmes como American Pie apropriam-se da escatologia - referência às partes baixas do corpo - com o objetivo de atingir o riso provocando no público um choque perceptivo.



Filmes de terror exploram as monstruosidades, deformações e aberrações, características dos grotescos teratológico e chocante, a fim de suscitar no público o horror, o espanto e até mesmo o nojo.




Abaixo, um exemplo de grotesco crítico em que é realizada uma  crítica social de modo risível.


Foto: Google














Referência bibliográfica:
SODRÉ, Muniz; PAIVA, Raquel. O império do grotesco. Rio de Janeiro: MAUD, 2002. p. 68.

domingo, 20 de janeiro de 2013

A Cultura Popular na Idade Média e no Renascimento - O Contexto de François Rabelais



Mikhail Bakhtin


Analisando ritos, espetáculos, festas, obras cômicas orais ou escritas e outras manifestações da cultura popular, Bakhtin elabora uma visão do mundo marcada pelo riso subersão dos valores oficiais, caráter renovador e contestador da ordem vigente. Com base nesse iniverso ele faz uma leitura de Rabelais original e esclarecedora. Ainda, estabelece parâmetros para pensarmos a produção literária em seu conjunto.

Bibliografia: 

BAKHTIN, Mikhail. A cultura popular na Idade Média e no Renascimento: o contexto de François Rabelais. São Paulo: Hucitec, 1999.

domingo, 13 de janeiro de 2013

A comunicação do grotesco - Um ensaio sobre a cultura de massa no Brasil


Muniz Sodré



Há mais de três décadas, o sociólogo e professor Muniz Sodré, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), apontou uma tendência para a exploração televisiva de escândalos e aberrações. A comunicação do grotesco - um ensaio sobre a cultura de massa no Brasil chegou a 14 edições e se tornou um clássico da teoria da comunicação, ao lançar os fundamentos para um debate ainda atual sobre os programas que apelam para o sensacionalismo e a vulgaridade.

Bibliografia:

SODRÉ, Muniz A. Cabral. A comunicação do grotesco: um ensaio sobre a cultura de massa no Brasil. Petrópolis: Vozes, 1972.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Sobre a pesquisa


    
Este blog é escrito de forma colaborativa pelas alunas do curso de Comunicação Social da Universidade Federal de Alagoas, Fernanda Ferreira e Mirian Oliveira, no intuito de divulgar, explicar e discutir o grotesco e suas especificidades, utilizando o que foi discutido durante as pesquisas relativas ao tema no tempo em que participamos como integrantes do Projeto de Iniciação Cientifica (Pibic) 2012-2013, que tem como tema Programa do Mução: o império do riso grotesco e cruel nas ondas do rádio, explorando o mundo do grotesco e suas aplicações nas mídias massivas, sob a orientação do Professor Antônio Freitas, coordenador do projeto.
A pesquisa visa estudar o sucesso da estética do grotesco – baseada no bathos retórico, e a produção do riso cruel, que é a base do Programa do Mução, líder de audiência em diversas emissoras radiofônicas regionais e nacionais. A escatologia e a teratologia são as marcas registradas da produção discursiva do Mução, e tal enunciação atrai de forma significativa o público-massa. 
Conforme Sodré (2002) a comunicação do grotesco é o fenômeno que fundamenta a comunicação massiva, pois é o grotesco em sua forma representado, por meio de suporte escrito – literatura e imprensa, ou pelo suporte imagístico, fotografia cinema, televisão, rádio e outros, ou atuado por meio de situações de comunicação direta, vivenciados no dia a dia ou nos palcos de maneira espontânea ou encenada que mais captam a audiência massiva. Portanto, o Programa do Mução preenche tais requistos, pois usa as técnicas de radioteatro em sua estrutura radiofônica, há diversos quadros com vários personagens e quadros fixos, que dialogam de forma escatológica e teratológica com o público, gerando o riso cruel, fidelizando a audiência de massa e ampliando a faixa de ouvintes. 

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

O mundo do grotesco


Rir do feio não só é comum como também considerado parte do ser humano. Assim, é normal absorvermos determinados conteúdo midiáticos sem refleti-los porque estes nos fazem rir, ou é preciso suscitar uma reflexão sobre aquilo que recebemos? Será que somos o que consumimos? Se formos, então devemos  compreender que é inerente ao ser humano a admiração pela nudez, o sexo, a violência, pelo desprezo e o que é diferente? Afinal, o que é o grotesco e como ele se manifesta no nosso dia a dia?
         
Por grotesco pode-se entender, resumidamente, tudo aquilo que se utiliza do rebaixamento, deslocamento de sentidos, tudo aquilo que faz uso de situações absurdas, emerge na animalidade, utiliza-se das partes baixas do corpo (ou faz referência a ela) como forma de atingir o riso. Apesar das críticas aos fenômenos grotesco/midiático, ele está presente na sociedade desde os tempos remotos, sobrevivendo até os dias atuais das mais diversas maneiras, em várias ferramentas estéticas e artísticas.

Uma Velha Grotesca. After Quinten Metsys (1465/1530).
O termo deriva da palavra latina la grota que significa gruta ou pequena caverna. Tal expressão surgiu no século XIV quando foram descobertos estranhos ornamentos soterrados em Roma, nos corredores e salões do antigo Palácio Domus Aurea, uma construção requisita pelo Imperador Nero após o grande incêndio que consumiu boa parte da cidade em 64 d.C. ( o qual se atribui a ele). Nesse espaços subterrâneos, reabertos de quase mil  e quinhentos anos foram descobertos imagens, figuras e estátuas representando pessoas e de idades metade gente e metade animal.

  Como categoria estética, o grotesco é estudado por meio de modalidades expressivas, sempre associado ao diferente, ao feio. Pode ser escatológico, ao apoiar-se em situações caracterizadas pela referência a dejetos humanos, secreções, partes baixas do corpo; ou teratólogico quando explora a monstruosidade, as aberrações e o bestialismo; Chocante é o grotesco presente nas duas formas anteriores e tem o objetivo de provocar no espectador ou contemplador um choque perceptivo, geralmente com intenções sensacionalistas, podendo ser chamado de "grotesco chocante".

     E o grotesco crítico que expõe um discernimento formativo, ou seja, além da percepção sensorial do fenômeno, é desvelado o que se tenta ocultar (convenções, ideias) expondo de modo risível os mecanismo do poder abusivo. Esse efeito pode tomar a forma de caricatura ou paródia, provocando inquietações nas situações estabelecidas.

domingo, 6 de janeiro de 2013

O império do grotesco

Muniz Sodré, Raquel Paiva 

No começo do novo milênio, torna-se cada vez mais evidente que o grotesco é algo recorrente não apenas nas artes, como também na vida contemporânea, com um retorno preponderante na televisão, sem que se registrem estudos compreensivos sobre o fenômeno. Este livro traz uma visão ampla sobre a questão, examinando a sua genealogia como uma categoria estética importante, associando-a a atitudes e deslindado o seu papel na formação de públicos de massa na contemporaneidade. O livro apresenta uma conceituação clara do grotesco como estética da tensão dos estados fronteiriços entre o humano e o animal e, depois, a sua articulação com as diversas manifestações na indústria do entretenimento, sem esquecer os seus momentos críticos. Esta análise aborda literatura, cinema e até formas de vida, com ênfase especial à televisão, cujos pactos simbólicos com o grande público privilegiam o grotesco chocante.

Bibliografia: 

SODRÉ, Muniz; PAIVA, Raquel. O império do grotesco. Rio de Janeiro:MAUD, 2002.

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