sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Das feiras livre ao meio televisivo



A cultura popular é geralmente associada ao espetáculo junto à massa economicamente subalterna, que comparece aos espaços públicos para divertir-se por meio do contato com artistas e para contemplar os festejos típicos destes locais. Com o desenvolvimento da chamada “sociedade de massa”, há a transferência da atmosfera “praça popular" para os veículos de comunicação midiática, a começar pelo rádio e em seguida a geração televisiva. É o caso das encenações melodramática  (radionovelas, telenovelas), jogos de feira (competições, sorteios, etc.), variedades (programas de auditórios, shows, atrações circenses), entre outros.

Sodré e Paiva analisam a programação de TV brasileira a partir da década de 60, quando a publicidade passou a ser inserida na grade da programação televisiva e com a introdução do ethos festivo de praça pública, já presente nos conteúdos radiofônicos. Surge, então, o fenômeno do popularesco que define a espontaneidade popular industrialmente transposta e manipulada por meios de comunicação de massa, com vistas à captação e ampliação de audiência urbana. Neste caso, os conteúdos e os formatos dos programas radiofônicos, das chanchadas cinematográficas e as atrações das praças e feiras foram transpostos nos programas televisivos na metade dos anos 60.

Chacrinha fez sucesso como apresentador de programas de auditório entre
as décadas de 1950 e 1980. Foto: Internet.

Os autores criticam o modo com que foi inserida a televisão no Brasil. Segundo eles, o país não possuía ainda uma estrutura industrial específica, nem um número suficiente de aparelhos receptores, contudo a chega do invento foi tida na época como um ícone de progresso e que ele foi resultante de uma modernização autoritária.

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

A Ideologia da Estética


Terry Eagleton



Este livro pode ser melhor caracterizado como uma tentativa para encontrar na categoria da estética um acesso a certas questões centrais do pensamento europeu moderno — iluminar, a partir deste ângulo, um leque mais amplo de questões sociais, políticas e éticas.

A Estética nasceu como um discurso sobre o corpo. Em sua formulação original, pelo filósofo alemão Alexander Baumgarten, o termo não se refere primeiramente à arte, mas, como o grego aisthesis, a toda a região da percepcção e sensação humanas, em contraste com o domínio mais rarefeito do pensamento conceitual. A distinção que o termo “estética” perfaz inicialmente, emmeados do século XVIII, não é aquela entre “arte” e “vida”, mas entre o material e o imaterial: entre coisas e pensamentos, sensações e ideias; entre o que está ligado a nossa vida como seres criados opondo-se ao que leva uma espécie de existência sombria nos recessos da mente. 

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Sobre o Belo e o Grotesco



O grotesco é o feio que também está inserido no campo da beleza, basta observarmos as obras grotescas de artistas renomados que, apesar de serem capazes de provocar espanto, nojo, repulsa, trazem fascínio em muitos contempladores e que por isso obtém sucesso e reconhecimento. Este recurso estético leva ao chão qualquer norma vigente e emerge tudo o que está lá embaixo. As partes baixas do corpo, bem como seus deslocamentos de sentido e as constantes referências às partes baixas do corpo, tais como os órgãos genitais e tudo o que é produzido por eles (urina, fezes, flatulências, etc.) recebem atenção especial, ficando em primeiro plano; enquanto leis e princípios éticos são rebaixados, expostos ao ridículo ou simplesmente levados ao desprezo, como ocorre no programa humorístico Hora do Mução.

Licurgo, Carniça, Candidato e Mamãe nos estúdios do programa do Mução. Foto: Flckr.


Os excessos apresentados no quadro Pegadinha do Mução, por exemplo, transformam em objeto de irrisão os personagens pertencentes a classes menos favorecidas ou que estão em posições desiguais no meio social e não trazem senão um afastamento de seu público em relação à consciência crítica sobre os problemas sociais, valoriza o vocabulário baixo, além de fortalecer estereótipos

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

As ilustrações grotescas de Matthias Seifarth



Matthias Seifarth é um ilustrador freelance que vive na Alemanha. Conhecido pelas ilustrações grotescas que produz, já teve diversas obras em publicações como a Rolling Stone, J’N’C, Intro Magazine, Empty Magazine e Indie Magazine e em capas de vários artistas, como Arcade Fire e Banda Horses. Seifarth cria desenhos que oferecem uma combinação de bizarro com cômico, utilizando grafite sobre papel e adicionando cores digitalmente. 

 
Foto: site oficial do artista.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Humor nas Histórias em Quadrinhos



Ao contrário do que muitos imaginam, as Histórias em Quadrinhos não possuíam um fim humorístico. Inicialmente, o objetivo das HQs se concentrava na divulgação de assuntos envolvendo a sociedade sob uma ótica moralista e conservadora.

As primeiras histórias contadas em imagens datam do início do século XVIII e foram criadas pelo britânico William Hogarth, que narrava os acontecimentos de sua época através de desenhos sucessivos acompanhados por mensagem crítica na parte inferior de cada imagem. As imagens narradas de Hogarth eram divulgadas pela imprensa britânica, como The harlot's progress, ("O progresso da prostituta", em português), série de seis pinturas (1731) e gravuras (1732) do artista inglês e que mostra a história da jovem M. Hackabout que chega em Londres e se torna uma prostituta.

The harlot's progress, de William Hogarth

Na cena ao lado, primeira da série, uma mulher idosa elogia a beleza da personagem principal de The harlot's progress, M. Hackabout, e sugere uma ocupação rentável: a aquisição dela para o cavalheiro mostrado na parte de trás da imagem. A sequência termina com a morte da personagem principal por uma doença venérea, aos 23 anos.

William Hogarth (1697 - 1764) foi um pintor, gravador e ilustrador inglês que "possui o mérito de ter produzido narrativas iconográficas, com vários painéis em sequência contando uma história, que foram editadas em um veículo impresso, o jornal. Ou seja, ele ajudou a forjar uma forma de comunicação visual impressa de massa." (SANTOS; ROSSETTI, 2012, p.83 -84).

As técnicas de Hogarth foram sendo aperfeiçoadas ao longo do século XVIII por vários desenhistas ingleses e encontraram o ambiente propício para seus desenvolvimento e disseminação com a chegada da Revolução Industrial, que trouxe consigo novos mecanismos tecnológicos que possibilitaram o melhoramento da qualidade da impressão gráfica, além da reprodução em larga escala. Outra característica importante desse período está na consolidação da impressa como veículo de comunicação massivo e no aumento de consumidores de produtos impressos.

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

A Ninfomaníaca de Lars Von Trier

       

O novo filme do diretor dinamarquês Lars Von Trier, conhecido por filmes como Dogville (2003), Manderlay (2005), O Anticristo (2009), Melancolia (2011), tem gerado expectativas e críticas. O longa  não foge do estilo polêmico de Trier e promete chamar a atenção do grande público.

A versão integral de Ninfomaníaca (Nymphomaniac) tem estreia prevista para fevereiro, durante o Festival de Berlim. A versão sem cortes  terá aproximadamente 5 horas de duração. O longa-metragem será dividido em dois volumes e em oito capítulos: The Compleat Angler, Jerome, Mrs. H, Delirium, The Little Organ School, The Eastern and Western Church (The Silent Duck) e The Gun. No Brasil, a Parte 1 do longa estreia em 10 de janeiro e a Parte 2 em março deste ano.

Ninfomaníaca - Volume 1

  • Gênero: Erótico, Drama
  • Duração: 122 min.
  • Origem: Dinamarca, Alemanha, França, Bélgica, Reino Unido
  • Estreia: 10/01/2014
  • Direção: Lars von Trier
  • Roteiro: Lars von Trier
  • Distribuidora: Califórnia Filmes
  • Censura: 18 anos
  • Ano: 2013

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

O riso e o risível na história do pensamento

Verena Alberti



Este livro discute as relações entre o riso e o pensamento ao longo da história ocidental, tomando por base textos que, de alguma forma, versam sobre o riso e o que faz rir. Por que o destaque para  riso e pensamento? Primeiro, porque este é um estudo das diferentes formas pela qual o riso foi tomado como objeto do pensamento desde a Antiguidade. Segundo, porque os próprios textos que tratam do riso e do risível estabelecem - de maneiras diferenciadas, é claro - relações entre o riso e o pensamento que cumpre investigar, principalmente se levarmos em conta uma certa tendência atual para se conferir à questão do riso um lugar privilegiado na compreensão do mundo e mais especificamente na filosofia.

Bibliografia: ALBERT, Verena. O riso e o risível na história do pensamento. 2 ed. Rio de janeiro, Jorge Zarar Ed., 2002.
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