A cultura popular é geralmente associada ao espetáculo junto à massa economicamente subalterna, que comparece aos espaços públicos para divertir-se por meio do contato com artistas e para contemplar os festejos típicos destes locais. Com o desenvolvimento da chamada “sociedade de massa”, há a transferência da atmosfera “praça popular" para os veículos de comunicação midiática, a começar pelo rádio e em seguida a geração televisiva. É o caso das encenações melodramática (radionovelas, telenovelas), jogos de feira (competições, sorteios, etc.), variedades (programas de auditórios, shows, atrações circenses), entre outros.
Sodré e Paiva analisam a programação de TV brasileira a partir da década de 60, quando a publicidade passou a ser inserida na grade da programação televisiva e com a introdução do ethos festivo de praça pública, já presente nos conteúdos radiofônicos. Surge, então, o fenômeno do popularesco que define a espontaneidade popular industrialmente transposta e manipulada por meios de comunicação de massa, com vistas à captação e ampliação de audiência urbana. Neste caso, os conteúdos e os formatos dos programas radiofônicos, das chanchadas cinematográficas e as atrações das praças e feiras foram transpostos nos programas televisivos na metade dos anos 60.
Chacrinha fez sucesso como apresentador de programas de auditório entre
as décadas de 1950 e 1980. Foto: Internet.
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Os autores criticam o modo com que foi inserida a televisão no Brasil. Segundo eles, o país não possuía ainda uma estrutura industrial específica, nem um número suficiente de aparelhos receptores, contudo a chega do invento foi tida na época como um ícone de progresso e que ele foi resultante de uma modernização autoritária.