Por Antônio Freitas
O processo de rebaixamento humano ao nível da animalização, a base da produção do grotesco, está presente nos estudos canônicos da estética e da obra de arte. Bakhtin (1987, 1992) ao analisar a estética da comunicação verbal (a fala ordinária do povo) na Idade Média, a partir de Rabelais, confirma que a linguagem cotidiana do povo é sem maneirismo, diferentemente da fala da elite culta ou esclarecida. Nas feiras, festas e praças, onde há concentração de “pessoas simples”, ele identificou a presença constante da teratologia e da escatologia.
Michelangelo (1475-1564): Um dos nus do teto da Capela Sistina. |
A partir daí demonstra que o discurso do grotesco, que sempre se refere às partes baixas, sexuais, carnais/animais dos homens traz implícita outra realidade – a da cultura do homem simples, ou seja, a presença da cultura popular, e uma linguagem popular forte em oposição à cultura de elite e à linguagem de elite, falada por poucos. Também Kaiser (2009) adentra nos estudos da estética do grotesco e Zampar (2010).