terça-feira, 30 de abril de 2013

Grotesco = Homem # Animal + Riso


O processo de rebaixamento humano ao nível da animalização, a base da produção do grotesco, está presente nos estudos canônicos da estética e da obra de arte. Bakhtin (1987, 1992) ao analisar a estética da comunicação verbal (a fala ordinária do povo) na Idade Média, a partir de Rabelais, confirma que a linguagem cotidiana do povo é sem maneirismo, diferentemente da fala da elite culta ou esclarecida. Nas feiras, festas e praças, onde há concentração de “pessoas simples”, ele identificou a presença constante da teratologia e da escatologia.

Michelangelo (1475-1564): Um dos nus do teto da Capela Sistina.
A partir daí demonstra que o discurso do grotesco, que sempre se refere às partes baixas, sexuais, carnais/animais dos homens traz implícita outra realidade – a da cultura do homem simples, ou seja, a presença da cultura popular, e uma linguagem popular forte em oposição à cultura de elite e à linguagem de elite, falada por poucos. Também Kaiser (2009) adentra nos estudos da estética do grotesco e Zampar (2010).

sexta-feira, 26 de abril de 2013

A história da radionovela no Brasil



Em nossa análise acerca do programa radiofônico A hora do Mução, obtemos, dentre outras conclusões o fato de que este apropria-se de técnicas do radioteatro, muito comuns nas radionovelas. Conheça, então, um pouco deste recurso.

A primeira transmissão de rádio no Brasil foi ao ar em 7 de setembro de 1922, porém, o veículo demorou a se tornar popular, em razão do preço do aparelho e a demora na implantação de retransmissoras. Quando as dificuldades físicas foram superadas, a forma encontrada para popularizar sua programação foi lançar mão do mesmo recurso que os jornais, quando da invenção da imprensa escrita: a narrativa folhetinesca.

Nasceram, assim, as primeiras transmissões de radionovelas no Brasil, fruto da dramatização de tramas literários.

terça-feira, 23 de abril de 2013

Programa do Mução: o grotesco no rádio

   

Rodrigo Vieira Emerenciano, o "Mução".

Diferentemente de outros veículos de comunicação massiva, o rádio tem na oralidade seu único suporte para a emissão de conteúdo midiático. Dessa forma, o ouvinte além de receptor é também coautor das mensagens emitidas, criando em seu imaginário a representação (simbólica) daquilo que ouve e que interpreta, de acordo com suas experiências pessoais.
 
O programa A Hora do Mução é um produto radiofônico de humor criado pelo radialista Rodrigo Vieira Emerenciano há 17 anos e hoje está presente em 972 cidades atingidas através de 59 afiliadas. Com isso, a cobertura populacional é de 33 milhões de habitantes (Tabela 1). Em Alagoas, o Programa do Mução é veiculado por duas rádios: a Pajuçara FM (103,7), de Maceió, e a Metropolitana FM (97,9), de Arapiraca.


sexta-feira, 19 de abril de 2013

Análise estética do quadro radiofônico Pegadinha do Mução



O quadro Pegadinha do Mução consiste no telefonema a uma pessoa, a “vítima”, indicada por ouvintes que divulgam informações a respeito de algum apelido ou característica física odiada por ela. A princípio, o apresentador inicia a conversa de maneira agradável - em geral fazendo-se passar por um cliente ou pessoa interessada na realização de pesquisa de opinião - até proferir o apelido propriamente dito. A partir desse momento, uma sequência de palavrões e expressões de conteúdo vulgar com forte referência às partes baixas do corpo tornam-se o foco do Programa do Mução, na medida em que provocam o riso grotesco e cruel nos ouvintes e, consequentemente, repercussão e audiência.

terça-feira, 16 de abril de 2013

História do rádio e o humor como ferramenta de atração do público

      
A história da criação do rádio, assim como a história de boa parte das grandes criações da humanidade é envolta em diversas polêmicas quanto aos seus verdadeiros criadores, datas e patentes. De acordo com alguns autores, a tecnologia que proporcionou o surgimento do rádio foi desenvolvida por um italiano chamado Gugliel Marconi no final do século XIX porém, é aceito historicamente que o americano Nikola Tesla seja o criador do aparelho que permite a transmissão do som via ondas sonoras; contudo, na mesma época, um padre brasileiro chamado Roberto Landell de Moura fazia experiências na área e seria ele o responsável pelas primeiras transmissões de rádio no mundo. No entanto, é aceito mundialmente que esta primeira transmissão aconteceu nos Estados Unidos em 1906 e teria sido realizada por Lee Forest.

Nos seus primeiros anos, as rádios brasileiras funcionavam de modo improvisado e não geravam lucros. Com o fim do amadorismo, a propaganda passou a ser parte importante na constituição da programação radiofônica e logo se desenvolveram programas de grande repercussão nacional, surgiram, então, os jornais, os programas de auditório, programas de entretenimento, musicais, rádionovelas e os programas de humor.

sexta-feira, 12 de abril de 2013

O estudo do riso grotesco e cruel nas ondas do rádio


Ontem O Mundo do Grotesco completou três meses. Nesse período, Fernanda e eu apresentamos o grotesco e suas aplicações nos mais variados meios de comunicação midiática, tendo como suporte teórico os estudos de Mikhail Bakhtin (1987), através de sua análise na obra A Cultura Popular na Idade Média e no Renascimento: o contexto de Françóis Rabelais, e Muniz Sodré e Paiva Paiva (2002), em especial Sodré que contemporaneamente é um dos poucos teóricos brasileiros que reflete e fundamenta os estudos da escatologia, da teratologia – enfim, da comunicação do grotesco que se manifesta na mídia.

Conforme Sodré (2002), a comunicação do grotesco é o fenômeno que fundamenta a comunicação massiva, pois é o grotesco em sua forma representado, por meio de suporte escrito – literatura e imprensa, ou pelo suporte imagístico, fotografia cinema, televisão, rádio e outros, ou atuado por meio de situações de comunicação direta, vivenciados no dia a dia ou nos palcos de maneira espontânea ou encenada que mais captam a audiência massiva.

terça-feira, 9 de abril de 2013

O surrealismo nas obras de Salvador Dalí



 "… Estou pintando quadros que me fazem morrer de alegria, estou criando com absoluta naturalidade, sem a menor preocupação estética, estou fazendo coisas que me inspiram com uma profunda emoção e estou tentando pintá-los com honestidade." - Salvador Dalí

Salvador Dalí (1904 - 1989) foi um importante pintor catalão conhecido por seu trabalho surrealista, com a marcante combinação de imagens bizarras de um mundo onírico explorando, em grande parte, a escatologia através da forte referência aos órgão sexuais. Dalí explorou intensamente o Simbolismo em seu trabalho. Por exemplo, a marca dos relógios fundidos que aparecem inicialmente em A persistência da memória, sugerem teoria de Einstein de que o tempo é relativo e não fixo.

Salvador Dalí (1904 - 1989).
Salvador Felipe Jacinto Dalí nasceu em  Figueras, Catalunha, na Espanha, no ano de 1904. Suas obras em pintura são quase sempre representações de um universo onírico e bizarro, porém, com uma qualidade artística extraordinária; dentre as elas, a mais famosa é “Persistência da Memória.
Dalí ocupa um lugar especial na historia da arte moderna. A sua fama foi alvo de frequentes polêmicas: ela foi favorecida quer pelo provocante exibicionismo de Dalí quer pelos críticos que muitas vezes o condenavam, por causa dos seus excessos, apelidando-o: "Neurótico",  "Egoísta", "Louco".

Estas são expressões que aparecem frequentemente Sempre que se fala dele. Foi identificado, ao longo dos anos, como estando intimamente ligado ao Surrealismo, de tal forma que se pode dizer, sem receio que na opinião pública, que Surrealismo e Dalí são idênticos.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

A Cultura Popular na Idade Média e no Renascimento: o contexto de François Rabelais - Mikhail Bakhtin


   
Mikhail Bakhtin (1987), em sua análise na obra A cultura popular na Idade Média e no Renascimento - o contexto de François Rabelais, diz que a compreensão do grotesco se dá pela cultura popular por concebê-lo como um corpo social que se opõe ao corpo clássico, a exemplo do Carnaval em que a proibição imposta pela sociedade dita elevada é transformada em alegria nos festejos carnavalescos, caracterizados pela inversão de valores, status, ordem, sexualidade, etc.

    Ao contrário da festa oficial, o carnaval era o fundo de uma espécie de libertação temporária da verdade dominante e do regime vigente, de abolição provisória de todas as relações hierárquicas, privilégios, regras e tabus. Era a autêntica festa do tempo, a do futuro, das alternâncias e renovações... (BAKHTIN, 1987, p. 8-9).

terça-feira, 2 de abril de 2013

Gargântua e Pantagruel - François Rabelais



Tudo começa com um banquete extravagante: jogar fora qualquer comida é inimaginável; recusar alguma iguaria está fora de cogitação. E, assim, Gargamelle, mulher de Grandgousier, devora tripas de boi até não mais poder – e come tanto que acaba por dar à luz os próprios intestinos. Em meio à confusão, nasce, pelo único orifício então disponível na glutona (a orelha), o gigante Gargântua, que viria a ser o pai de Pantagruel, outro comilão e beberrão memorável. Foi por meio desses dois personagens, aparecidos nos livros Gargântua (1534) e Pantagruel (1532) François Rabelais fez do grotesco, do escatológico e do humor levado ao limite do absurdo a sua distinção como um dos mais radicais e originais humanistas do Renascimento.* 


Imagens das obras. Fonte: Google.

Usava a imagem de dois gigantes, pai e filho, que canalizavam em seu dia a dia todos os defeitos da sociedade da época. A obra foi considerada imprópria e  condenada pela Universidade de Sorbone e pelo parlamento francês que trabalhavam como uma espécie de "censura" da época.

O livro contava com um humor bem popular e os gigantes viviam às voltas com prazeres físicos e mundanos da vida: a comida, a bebida e o sexo. Rabelais ainda usava a obra para satirizar o ascetismo religioso, os costumes da Cavalaria, a senha conquistadora dos reis e até mesmo o sistema educacional da época, mas sem causar grandes estragos com seu texto, apesar de alguns protestos, como os que causaram a censura da obra.

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