terça-feira, 6 de agosto de 2013

Entrevista com Antonio Freitas e Mirian Oliveira


Estudantes do curso de Jornalismo da Universidade Federal de Alagoas entrevistaram na última terça-feira,  30, o professor Dr. Antonio Freitas e a estudante Mirian Oliveira, integrantes do Programa de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) da UFAL. Com a pesquisa Programa do Mução: o império do riso grotesco e cruel nas ondas do rádio, orientador e bolsista apresentaram a pesquisa à equipe formada por quatro estudantes do sexto período, idealizadores do UniPesquisa, um programa de TV universitária.

Na entrevista, que ocorreu no estúdio de TV do curso de Comunicação Social, foram discutidos assuntos inerentes a presença constante do grotesco no discurso do programa Hora do Mução e os resultados obtidos na pesquisa, iniciada em agosto do ano passado. Nesse período, os trabalhos foram marcados pelo embasamento teórico por meio de estudo com leitura dirigida dos autores e pesquisadores da temática e  gravação, audição e decupagem de edições do produto analisado para a transcrição e análise. Os resultados obtidos foram transformados em debates e na produção de resenhas críticas que, por sua vez, tiveram divulgação no blog e nos perfis em redes sociais criados exclusivamente para a pesquisa.

Shirley Santos, Itawitanã Albuquerque, Mirian Oliveira, Antonio Freitas, Victor Costa e Milton Guedes. Foto: Manuel Henrique







A pesquisa visa estudar o sucesso da estética do grotesco e a produção do riso cruel, que é a base do Programa do Mução, líder de audiência em diversas emissoras radiofônicas regionais e nacionais. A escatologia e a teratologia são as marcas registradas da produção discursiva do Mução, e tal enunciação atrai de forma significativa o público-massa. Em junho deste ano, teve um artigo para o XV Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste, promovido pela Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom).

 O UniPesquisa


O programa televisivo Universidade e Pesquisa (UniPesquisa) é um programa de entrevistas a docentes e alunos integrantes de grupos de pesquisas da Universidade Federal de Alagoas e de outras instituições de ensino superior, com o objetivo de expor fora do ambiente universitário os programas de pesquisa.

De foco acadêmico, discute temas de relevância social,  os conhecimentos científicos, além de divulgar cursos, projetos e ações realizados no âmbito acadêmico, permitindo que os orientadores e bolsistas de pesquisas de iniciação científica dentre outras exponham seus projetos, desde sua elaboração, desenvolvimento, públicos alvos e até mesmo a conclusão da pesquisa.

Segundo a estudante Shirley Oliveira, estudante do sexto período de jornalismo da UFAL e integrante da UniPesquisa "um dos segredos do Programa é divulgar e manter os alunos informados sobre todos os cursos e projetos acadêmicos muitas vezes desconhecidos e presentado por alunos e profissionais da área que falam diretamente para os universitários, acadêmicos e sociedade de forma geral. Com isso, o público acaba ficando mais próximo desses interlocutores." Shirley ressalta ainda que o programa surgiu a partir da disciplina gêneros televisivos, ministrada pelo professor Arnaldo Ferreira.


Análise do Programa do Mução - o discurso radiofônico grotesco chocante que ridiculariza o ouvinte



Foto: Manuel Henrique.
Este será o nome da pesquisa que dará sequência aos estudos sobre a comunicação do grotesco no programa do Mução e que constituíram o PIBIC em sua edição 2012-2013. Desenvolvida junto ao Grupo de Estudos, Pesquisa e Extensão em Comunicação e Multimídia (COMULTI), na Linha Linguagem Midiática, do curso de Comunicação Social, visa estudar a partir de agora a presença e as formas de enunciação no discurso radiofônico do grotesco chocante (SODRÉ, 2002).

O discurso midiático radiofônico do grotesco chocante atrai de forma significativa o público-massa, conforme Sodré (2002) essa comunicação do grotesco é o fenômeno que fundamenta a comunicação massiva, razão pela qual os estudos sobre a Estética da comunicação dos meios são cada vez mais necessários.

Bakhtin (1987, 1992) é um dos principais teóricos que nos auxiliará nessa investigação, pois ele dá uma importante contribuição com seus estudos sobre a estética da comunicação verbal (oral) a partir de análise das obras de Rabelais. Contaremos também com o apoio teórico de Sodré (1972, 1992, 2002). Hugo (1989 e 2004), Kayser (2003), Freitas (1999, 1999a, 2007), Perelman (1999) dentre outros.

O processo de rebaixamento humano ao nível da animalização, a base da produção do grotesco está presente nos estudos canônicos da estética e da obra de arte. Bakhtin (1987, 1992) ao analisar a estética da comunicação verbal (a fala ordinária do povo) na Idade Média, a partir de Rabelais, confirma que a linguagem cotidiana do povo é sem maneirismo, diferentemente da fala da elite culta ou esclarecida. Nas feiras, festas e praças, onde há concentração de “pessoas simples”, ele identificou a presença constante da teratologia e da escatologia.

O discurso do grotesco, que sempre se refere às partes baixas, sexuais, carnais/animais dos homens traz implícita outra realidade – a da cultura do homem simples, ou seja, a presença da cultura popular, e uma linguagem popular forte em oposição à cultura de elite e à linguagem de elite, falada por poucos.

O projeto tem como objetivo realizar uma pesquisa teórico-empírica sobre a presença constante do gênero grotesco chocante, na produção radiofônica do gênero humorístico do Programa do Mução, que tem seu sucesso de público garantido decorrente dos usos escatológicos e teratológicos do discurso popularesco no medium rádio.


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