O dia de hoje é celebrado por muitos cristãos como a Sexta-feira Santa, ou Sexta-feira da Paixão. É a sexta-feira que antecede o Domingo de Páscoa que, por sua vez, representa a ressurreição de Jesus Cristo após morrer na cruz, ser sepultado e ressuscitar ao terceiro dia. Trata-se da data em que os cristãos relembram o julgamento, paixão, crucificação, morte e sepultura de Cristo, através de diversos ritos religiosos. No Catolicismo, por exemplo, há a celebração e contemplação do Cristo crucificado, pois as regras litúrgicas prescrevem que neste dia e no seguinte (Sábado Santo, ou Sábado de Aleluia) se venere o crucifixo com o gesto da genuflexão, ou seja, de joelhos.
E é neste contexto que abordaremos a intrínseca relação da imagem do Cristo crucificado, e de outros símbolos da Sexta-feira da Paixão, com o mundo do grotesco. Primeiro, observe a reprodução abaixo:
Jesus na cruz entre os dois ladrões.
1619-1620. Por Rubens. Museu Real de Belas Artes de Antuérpia, na Bélgica.
Apesar do formato aparentemente para nós, brasileiros - aproximadamente dez anos - redes de TV americanas e europeias já apresentavam reality shows desde os anos de 1970. No Brasil, essa "onda" começou no ano 2000, com o programa No Limite, da TV Globo, baseado no americano Survivor. Em 2001, o SBT saiu na frente da emissora dos Marinho e apresentou A casa dos Artistas, sucesso de audiência na época. Mas a consagração do formado veio com o Big Brother Brasil, da TV Globo. Posteriormente, a TV Record também experimentou o sucesso semelhante com A fazenda, versão brasileira de The Farm , reality show sueco.
O BBB é um dos mais conhecidos Realitys shows do Brasil
A escatologia. A referência constante a tudo o que é baixo, literalmente: as partes baixas do corpo, os órgãos genitais e tudo a eles relacionados, tais como secreções, dejetos e cópula. Para Sodré e Paiva (2002), o grotesco escatológico "reduz o espiritual de qualquer cerimônia ao material do corpo" (SODRÉ; PIVA, 2002. p. 68) e está presente no cinema, na televisão, no rádio (por intermédio da fala, geralmente sob a forma de termos ou expressões de baixo calão), mas também pode ser identificado na literatura, como veremos a seguir.
O bom humor sempre foi uma das maiores armas
usadas pelos produtores de TV para prender os telespectadores. Programas
como a A Praça da Alegria e Os trapalhões marcavam a cena de comédias
sem malícia. Com o tempo, o estilo dos programas humorístico foram se
modificando e a apelação ao grotesco tornou-se a fórmula para garantir
altas audiências a baixos custos.
Na última quinta-feira foram apresentados os primeiros resutados da pesquisa de iniciação científica das estudantes Fernanda Ferreira e Mirian Oliveira. O evento, ocorrido no prédio do curso de Comunicação
Social da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), antecede o
Congresso Acadêmico 2013 e contou com a participação de outros sete trabalhos acadêmicos.
Nadar em uma piscina de esterco, receber centenas de tiros de borracha, caminhar sobre brasa, simular o sequestro de um astro de cinema somente para apanhar da polícia, jogar bolas e outros objetos pesados nos próprios testículos, dentre muitas outras formas de provocar espanto e nojo em quem assistir, garantiu o sucesso de Jackass - termo equivalente à palavra "idiota" em português - série televisiva, em formato de pegadinhas, que explorava o sadomasoquismo e formas de humor grotesco para atrair o público.
Originalmente exibida na MTV norte-americana entre os anos de 2000 e 2012, Jackass foi idealizada por Johnny Knoville, um dos protagonistas da série, como uma adaptação televisiva da revista Big Brother, e produzido por Jeff Tremaine, também diretor. Os dois foram responsáveis pela contratação de Davi England, Chris Pontius e Wee Man, demais integrantes do grupo.
Nu artístico é a designação dada à exposição do corpo de uma pessoa nua em diversos meios artísticos (pintura, escultura ou, mais recentemente, cine e fotografia). É considerado uma das classificações acadêmicas da arte.
Embora se costume associar ao erotismo, o nu pode ter diversas interpretações e significados, da mitologia até a religião, passando pelo estudo anatômico, ou ainda como representação da beleza e ideal estético da perfeição, como na Grécia Antiga. A arte foi de sempre uma representação do mundo e do ser humano,
um reflexo da vida. Portanto, o nu não deixou de estar presente na
arte, sobretudo nas épocas anteriores à invenção de procedimentos
técnicos para captar imagens do natural (fotografia, cine), quando a
pintura e a escultura eram os principais meios para representar a vida.
O grotesco é uma categoria estética que tem por finalidade provocar medo, espanto, nojo e, na maioria das vezes, riso.
"...é o fenômeno da desarmonia do gosto." - SODRÉ e PAIVA (2002).
Foto: Google.
É caracterizado pelo rebaixamento de valores, fazendo referência a dejetos, excremências, partes íntimas do corpo, deformações físicas, em fim, palavras, sons, imagens e tudo o que vá no sentido oposto do que é considerado "politicamente correto".
É o que consegue provocar um choque perceptivo em seu contemplador ou expectador.
Onus (2010), óleo sobre tela, de Suzzan Blac.
São poucos os estudos aprofundados acerca do
grotesco e suas manifestações. O livro O império do grotesco, escrito
pelos professores Muniz Sodré e Raquel Paiva, busca suprir este espaço,
fazendo um estudo sobre as formas expressivas que singularizam este fenômeno estético.
Este blog tem o objetivo de divulgar, explicar e discutir o grotesco e suas especificidades, utilizando o que foi discutido durante as pesquisas relativas ao tema no tempo em que participamos como integrantes do Projeto de Iniciação Cientifica (Pibic) 2012-2013, que tem como tema Programa do Mução: o império do riso grotesco e cruel nas ondas do rádio, explorando o mundo do grotesco e suas aplicações nas mídias massivas, sob a orientação do Professor Antônio Freitas, coordenador do projeto.
A dissertação tem por objetivo
avaliar as mídias de rádio da cidade de São Paulo, especificamente as de público
jovem, que vem se apropriando do grotesco como estratégia de comunicação dentro
dos programas de humor, a fim de entender o motivo pelo qual esse recurso
estético está sendo inserido na grade de programação radiofônica e com que
objetivos são utilizados.
Através
de uma pesquisa qualitativa descritiva, foram analisados os programas
humorísticos “A hora do Mução” e “Fala, Gente Fina!” apresentados pelas
emissoras paulistanas Mix e 89 FM, respectivamente. A partir daí, é feita a
decupagem de um programa completo de cada emissora e identificados termos e
expressões grotescas que são subdivididos em gêneros e espécies, com
embasamento nas ideias de Sodré e Paiva (2002).
O rádio foi introduzido no Brasil em
1922, sendo precursor de outros veículos de comunicação de massa e responsável
pela difusão do conhecimento para todas as camadas sociais, o que tornou
necessário o uso de uma linguagem mais acessível, não apenas como estratégia de
fidelização do ouvinte, mas também como mecanismo de superar a concorrência; outro
método utilizado e que subsiste até hoje é o da interatividade com o ouvinte,
que passa a fazer parte da programação através de telefonemas.
Nas páginas seguintes da obra, a autora
discute a concepção de grotesco, apresentando os conceitos básicos da palavra e
a sua inserção na programação de lazer através do estudo de caso. O termo
deriva do italiano la grota, que
significa “gruta”, “porão” e surgiu no final do século XV, após escavações
realizadas no porão do Palácio Dourado de Nero onde foram encontrados ornamentos
disformes, que fugiam do “esteticamente correto”. Somente no século XIX o
grotesco passa a ser considerado uma categoria estética, responsável pelo disforme,
o horrível o cômico, em fim, pelo rebaixamento de valores dominantes, da ética
e da moral.
O primeiro estudo de caso refere-se a
Mix FM e seu principal programa de humor, o “A Hora do Mução”, Zampar também
analisa o quadro Jackson Five, entretanto seu foco é mais direcionado ao
programa. A autora inicia uma breve apresentação de seu personagem principal,
Mução, criado e interpretado pelo radialista e humorista Rodrigo Vieira
Emerenciano, e de seu quadro mais popular, as “pegadinhas”; por fim, expõe a
categorização do grotesco em gêneros, o representado e o atuado, que se
subdivide em espécies, de natureza escatológica, teratológica, chocante e
crítica.
A análise do programa concluiu que de
todas as categorias nas quais está inserido o grotesco as expressões mais
frequentes se enquadravam na espécie Chocante, como era o caso das ofensas
proferidas pelos ouvintes vítimas do trote das “pegadinhas”. Ao todo, foram
identificadas na decupagem 84 citações de ofensas, sendo que metade delas
partiu do apresentador; além destas, foram dez citações fazendo referência ao Chocante
Perceptivo,três a Partes Baixas do
Corpo, e outras quatro expressões Grosseiras.
Finalmente, o estudo de caso demonstra que
o maior motivo para a utilização dos termos e expressões grotescas no programa do
Mução está em ofender a vítima dos trotes para com isso atingir o riso e trazer
audiência. Conclusão semelhante aconteceu com o exame de uma decupagem do
programa “Fala, Gente Fina!”; o uso de termos grotescos no programa de humor é
utilizado para se conseguir uma fidelização do ouvinte.
A obra fornece subsídios à pesquisa
científica, à medida que discute e analisa o assunto estudado, expondo os
principais autores da área de forma concisa e objetiva. A autora demonstra
amplo domínio no que tange ao uso do grotesco nas ondas de rádio no Brasil,
especialmente na grande São Paulo, bem como o histórico do rádio propriamente
dito. É uma leitura que não exige conhecimentos
prévios e, portanto, está disponível aos mais variados públicos, contribuindo
assim na ampliação do entendimento do uso do grotesco nas comunicações
midiáticas.