ZAMPAR,
Silvia. O uso do Grotesco no humor das
rádios FM de público jovem de São Paulo – Rádio Mix e 89 FM. Dissertação. São Paulo:
Color, 2010.147 p. Dsiponível em http://www.silviazampar.com.br/Rel/Dissertacao_Grotesco_SilviaZampar.pdf. Acesso em 28/02/2013.
A dissertação tem por objetivo
avaliar as mídias de rádio da cidade de São Paulo, especificamente as de público
jovem, que vem se apropriando do grotesco como estratégia de comunicação dentro
dos programas de humor, a fim de entender o motivo pelo qual esse recurso
estético está sendo inserido na grade de programação radiofônica e com que
objetivos são utilizados.
Através
de uma pesquisa qualitativa descritiva, foram analisados os programas
humorísticos “A hora do Mução” e “Fala, Gente Fina!” apresentados pelas
emissoras paulistanas Mix e 89 FM, respectivamente. A partir daí, é feita a
decupagem de um programa completo de cada emissora e identificados termos e
expressões grotescas que são subdivididos em gêneros e espécies, com
embasamento nas ideias de Sodré e Paiva (2002).
O rádio foi introduzido no Brasil em
1922, sendo precursor de outros veículos de comunicação de massa e responsável
pela difusão do conhecimento para todas as camadas sociais, o que tornou
necessário o uso de uma linguagem mais acessível, não apenas como estratégia de
fidelização do ouvinte, mas também como mecanismo de superar a concorrência; outro
método utilizado e que subsiste até hoje é o da interatividade com o ouvinte,
que passa a fazer parte da programação através de telefonemas.
Nas páginas seguintes da obra, a autora
discute a concepção de grotesco, apresentando os conceitos básicos da palavra e
a sua inserção na programação de lazer através do estudo de caso. O termo
deriva do italiano la grota, que
significa “gruta”, “porão” e surgiu no final do século XV, após escavações
realizadas no porão do Palácio Dourado de Nero onde foram encontrados ornamentos
disformes, que fugiam do “esteticamente correto”. Somente no século XIX o
grotesco passa a ser considerado uma categoria estética, responsável pelo disforme,
o horrível o cômico, em fim, pelo rebaixamento de valores dominantes, da ética
e da moral.
O primeiro estudo de caso refere-se a
Mix FM e seu principal programa de humor, o “A Hora do Mução”, Zampar também
analisa o quadro Jackson Five, entretanto seu foco é mais direcionado ao
programa. A autora inicia uma breve apresentação de seu personagem principal,
Mução, criado e interpretado pelo radialista e humorista Rodrigo Vieira
Emerenciano, e de seu quadro mais popular, as “pegadinhas”; por fim, expõe a
categorização do grotesco em gêneros, o representado e o atuado, que se
subdivide em espécies, de natureza escatológica, teratológica, chocante e
crítica.
A análise do programa concluiu que de
todas as categorias nas quais está inserido o grotesco as expressões mais
frequentes se enquadravam na espécie Chocante, como era o caso das ofensas
proferidas pelos ouvintes vítimas do trote das “pegadinhas”. Ao todo, foram
identificadas na decupagem 84 citações de ofensas, sendo que metade delas
partiu do apresentador; além destas, foram dez citações fazendo referência ao Chocante
Perceptivo, três a Partes Baixas do
Corpo, e outras quatro expressões Grosseiras.
Finalmente, o estudo de caso demonstra que
o maior motivo para a utilização dos termos e expressões grotescas no programa do
Mução está em ofender a vítima dos trotes para com isso atingir o riso e trazer
audiência. Conclusão semelhante aconteceu com o exame de uma decupagem do
programa “Fala, Gente Fina!”; o uso de termos grotescos no programa de humor é
utilizado para se conseguir uma fidelização do ouvinte.
A obra fornece subsídios à pesquisa
científica, à medida que discute e analisa o assunto estudado, expondo os
principais autores da área de forma concisa e objetiva. A autora demonstra
amplo domínio no que tange ao uso do grotesco nas ondas de rádio no Brasil,
especialmente na grande São Paulo, bem como o histórico do rádio propriamente
dito. É uma leitura que não exige conhecimentos
prévios e, portanto, está disponível aos mais variados públicos, contribuindo
assim na ampliação do entendimento do uso do grotesco nas comunicações
midiáticas.
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