A cultura midiática
e o humorismo é um dos temas abordados no trabalho de Roberto Elísio dos Santos
que integra o primeiro capítulo da obra Humor e riso na cultura midiática -
variações e permanências, intitulado Reflexões teóricas sobre o humor e o riso
na arte e nas mídias massivas.
O artigo explana
que a Revolução Industrial não trouxe apenas um sistema capitalista
consolidado, mas possibilitou o surgimento de novas formas de comunicação que
por intermédio de seus variados meios, impresso, televisivo, cinematográfico e
radiofônico, passaram a fornecer conteúdo para um número cada vez mais
crescente de receptores, além de se tornarem
fontes de lucro. Para vencer a concorrência, esses veículos utilizaram e
utilizam até hoje recursos como o humor a fim de seduzir a audiência. "Ele
se faz presente nos jornais e revistas (por meio da caricatura, da charge, do
cartum e da História em Quadrinhos), no cinema, na programação radiofônica e
televisiva, e recentemente passou a ser encontrado em sites." (SANTOS, 2012, p. 43).
Em uma sociedade que se afasta dos ditames morais e das amarras religiosas, na qual o hedonismo e o consumo são incentivados, onde há promessas incessantes de prazer, e que o riso não é apenas permitido, mas estimulado e exigido, o humor transforma-se em ferramenta de marketing a serviço da venda. Nessa sociedade do espetáculo e do devaneios, o humor pode ser comprado para ser usufruído por um determinado prazo. (SANTOS, 2012, p. 43).
O autor diz que o
humor está a serviço da publicidade nesses veículos de comunicação e cita como
exemplo os spots de rádio. Cabe, aqui, adicionarmos um parêntese a esse respeito ao passo em que os spots são
comumente identificados no programa Hora do Mução:
Mução: (...) Tu é a "batatinha", né?
Vítima do trote: A pu** que te pariu, filho de corno! - desliga o telefone.
Personagem "Mamãe": Ele não é filho de corno, não! - gargalhadas.
Mução: Ouviu que ela falou bem baixinho? - Mais gargalhadas.
Personagem "Catraia": Mamãe vai lá na casa dela mandar ela falar mais alto.
Personagem "Mamãe": Como é que eu vou se eu não tenho uma linda moto Honda, abestado?!
Mução: Mamãe, não tem por que não ter! Aproveite a promoção "Tô de Honda Tô Patrão". Passe na concessionária, faça o consórcio de uma moto no consórcio nacional Honda e você concorre a cinco casas e cinco CB 300r, além de vário quites do consócio nacional Honda!
Todos: Obaaaaaa!!!
Mução: Entre lá no site e confira a promoção "Tô de Honda Tô patrão"!
O trecho acima
foi extraído de um dos quadros de pegadinhas no qual o locutor Mução,
juntamente com seus companheiros de programa anuncia o produto de um dos mais importantes fabricantes de automóveis
e motocicletas do mundo, tendo o humorismo como ferramenta de divulgação do patrocinador. Observe que as falas dos personagens transmitem a sensação de uma
conversa espontânea, desprovida incialmente de qualquer intenção mercadológica
até o momento em que o produto posto à venda é citado. A divulgação do produto é realizada entrelaçando-se a um trote telefônico, no qual a vítima é uma mulher conhecida pelo apelido indesejado de "batatinha".
Daremos continuidade a este resumo nas próximas postagens. Saiba mais sobre o livro, clique
Referências:
Humor e riso na cultura midiática - Variações e permanências
Audiocast: Pegadinha - Batatinha
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