sexta-feira, 1 de março de 2013

O uso do grotesco no humor das rádios FM de público jovem de São Paulo – Rádio Mix e 89 FM, de Silvia Zampar


ZAMPAR, Silvia. O uso do Grotesco no humor das rádios FM de público jovem de São Paulo – Rádio Mix e 89 FM. Dissertação. São Paulo: Color, 2010.147 p. Dsiponível em http://www.silviazampar.com.br/Rel/Dissertacao_Grotesco_SilviaZampar.pdf. Acesso em 28/02/2013.

A dissertação tem por objetivo avaliar as mídias de rádio da cidade de São Paulo, especificamente as de público jovem, que vem se apropriando do grotesco como estratégia de comunicação dentro dos programas de humor, a fim de entender o motivo pelo qual esse recurso estético está sendo inserido na grade de programação radiofônica e com que objetivos são utilizados. 
 Através de uma pesquisa qualitativa descritiva, foram analisados os programas humorísticos “A hora do Mução” e “Fala, Gente Fina!” apresentados pelas emissoras paulistanas Mix e 89 FM, respectivamente. A partir daí, é feita a decupagem de um programa completo de cada emissora e identificados termos e expressões grotescas que são subdivididos em gêneros e espécies, com embasamento nas ideias de Sodré e Paiva (2002).
 O rádio foi introduzido no Brasil em 1922, sendo precursor de outros veículos de comunicação de massa e responsável pela difusão do conhecimento para todas as camadas sociais, o que tornou necessário o uso de uma linguagem mais acessível, não apenas como estratégia de fidelização do ouvinte, mas também como mecanismo de superar a concorrência; outro método utilizado e que subsiste até hoje é o da interatividade com o ouvinte, que passa a fazer parte da programação através de telefonemas. 
Nas páginas seguintes da obra, a autora discute a concepção de grotesco, apresentando os conceitos básicos da palavra e a sua inserção na programação de lazer através do estudo de caso. O termo deriva do italiano la grota, que significa “gruta”, “porão” e surgiu no final do século XV, após escavações realizadas no porão do Palácio Dourado de Nero onde foram encontrados ornamentos disformes, que fugiam do “esteticamente correto”. Somente no século XIX o grotesco passa a ser considerado uma categoria estética, responsável pelo disforme, o horrível o cômico, em fim, pelo rebaixamento de valores dominantes, da ética e da moral.
O primeiro estudo de caso refere-se a Mix FM e seu principal programa de humor, o “A Hora do Mução”, Zampar também analisa o quadro Jackson Five, entretanto seu foco é mais direcionado ao programa. A autora inicia uma breve apresentação de seu personagem principal, Mução, criado e interpretado pelo radialista e humorista Rodrigo Vieira Emerenciano, e de seu quadro mais popular, as “pegadinhas”; por fim, expõe a categorização do grotesco em gêneros, o representado e o atuado, que se subdivide em espécies, de natureza escatológica, teratológica, chocante e crítica.

A análise do programa concluiu que de todas as categorias nas quais está inserido o grotesco as expressões mais frequentes se enquadravam na espécie Chocante, como era o caso das ofensas proferidas pelos ouvintes vítimas do trote das “pegadinhas”. Ao todo, foram identificadas na decupagem 84 citações de ofensas, sendo que metade delas partiu do apresentador; além destas, foram dez citações fazendo referência ao Chocante Perceptivo, três a Partes Baixas do Corpo, e outras quatro expressões Grosseiras.
Finalmente, o estudo de caso demonstra que o maior motivo para a utilização dos termos e expressões grotescas no programa do Mução está em ofender a vítima dos trotes para com isso atingir o riso e trazer audiência. Conclusão semelhante aconteceu com o exame de uma decupagem do programa “Fala, Gente Fina!”; o uso de termos grotescos no programa de humor é utilizado para se conseguir uma fidelização do ouvinte.
A obra fornece subsídios à pesquisa científica, à medida que discute e analisa o assunto estudado, expondo os principais autores da área de forma concisa e objetiva. A autora demonstra amplo domínio no que tange ao uso do grotesco nas ondas de rádio no Brasil, especialmente na grande São Paulo, bem como o histórico do rádio propriamente dito. É uma leitura que não exige conhecimentos prévios e, portanto, está disponível aos mais variados públicos, contribuindo assim na ampliação do entendimento do uso do grotesco nas comunicações midiáticas.

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