terça-feira, 4 de junho de 2013

Relatório Parcial PIBIC 2012-2013

 

PRINCIPAIS RESULTADOS OBTIDOS DURANTE O PRIMEIRO 

SEMESTRE DA PESQUISA


Os resultados apresentados a seguir foram obtidos nos primeiros meses de pesquisa do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC), intitulada Programa do Mução: o império do riso grotesco e cruel nas ondas do rádio, e caracterizam-se por estudos bibliográfico e documental acerca do grotesco e suas manifestações enquanto categoria estética, utilizando como referenciais teóricos as principais obras de Muniz Sodré e Raquel Paiva (2002) e Mikhail Bakhtin (1987). A pesquisa também foi acompanhada da produção de resenhas críticas referentes às obras estudadas e da gravação e decupagem de um quadro completo das “Pegadinhas do Mução” para a posterior análise.

 

 A pesquisa bibliográfica

 

Constatou-se que o grotesco tem como característica principal a presença do rebaixamento (bathos, recurso estético produtor do riso cruel) operado por uma combinação organizada de elementos heterogêneos com referência constante a deslocamentos de sentido, animalidades, partes baixas do corpo, dejetos, entre outros.

Victor Hugo foi o primeiro a teorizar o fenômeno na obra Cromwell, a qual enfatiza a importância do grotesco no drama e critica fortemente as idealizações artísticas, abrindo espaço para o extravagante, o feio, o desproporcional que passam a ser vistos por Hugo como a reinterpretação culta da espontaneidade popular.

Classificação


Quanto à classificação, Sodré e Paiva (2002) dividem o grotesco em Gêneros e Espécies em que os primeiros mostram-se como representado e atuado. Com relação às espécies do grotesco, os autores definiram quatro modalidades expressivas, a saber:  Escatológico, Teratológico, Chocante e Crítico

Para Bakhtin (1987), em sua análise na obra A cultura popular na Idade Média e no Renascimento (o contexto de François Rabelais), a compreensão do grotesco se dá pela cultura popular por concebê-lo como um corpo social que se opõe ao corpo clássico, a exemplo do Carnaval em que a proibição imposta pela sociedade dita elevada é transformada em alegria nos festejos carnavalescos caracterizados pela inversão de valores, status, ordem, sexualidade, etc.

O Programa do Mução: decupagem e análise do quadro Pegadinhas do Mução


 A análise constituiu um estudo relativo à produção de humor radiofônico Programa do Mução, sob a ótica da estética do grotesco e baseado em Sodré e Paiva (2002) e Bakhtin (1987). Foi um estudo de caso que objetivou avaliar a presença do grotesco existente no produto midiático a fim de compreender os motivos pelos quais esse recurso estético é utilizado, bem como identificar as modalidades expressivas empregadas com maior frequência na atração sonora. Dentro do Programa do Mução, analisamos as Pegadinhas do Mução, objeto principal deste estudo, dada sua considerável importância por parte do público
  • Espécies de termos grotescos identificados


Após a análise do fragmento acima, no qual o personagem Mução provoca o ouvinte
Roberto, identificamos os seguintes termos grotescos:


De todas as categorias disponíveis, a mais frequente no produto analisado se refere ao uso de frases ou expressões da espécie escatológica, por meio de ofensas e palavrões direcionados em sua maioria ao apresentador, seguida da espécie chocante.

Resultados da análise


A análise conclui ser o Programa do Mução um produto midiático que se apropria da estética do grotesco com a finalidade de seduzir a audiência e que o uso de palavras de baixo calão nesse produto visa ao rebaixamento de valores estabelecidos pela sociedade, na medida em que estimula o preconceito contra raça, gênero, etnia, classes sociais menos favorecidas e, como foi bastante identificado na análise, a banalização dos valores morais quando veicula nacionalmente linguagem de baixo calão e termos pejorativos e ofensivos.

Os excessos apresentados no quadro das “Pegadinhas” que transformam em objeto de irrisão os personagens pertencentes a classes menos favorecidas ou que estão em posições desiguais no meio social não trazem senão um afastamento de seu público em relação à consciência crítica sobre os problemas sociais, valoriza o vocabulário baixo, além de fortalecer estereótipos.

DIFICULDADES E PONTOS POSITIVOS


No tocante às dificuldades encontradas na condução do projeto de pesquisa e no plano de trabalho, podem ser citados a greve decretada pelo corpo docente da Universidade Federal de Alagoas em maio de 2012 e que se estendeu por cerca de quatro meses; e a pouca bibliografia específica que estuda o grotesco no rádio.

A paralisação impossibilitou o uso do laboratório resevado ao grupo de estudos, pesquisa e extensão em Comunicação e Multimídia (COMULTI), provocando um atraso em parte das atividades do cronograma geral, o que restringiu os estudos apenas às pesquisas bibliográfica e documental sobre a estética do grotesco/comunicação do grotesco; ao embasamento teórico através de estudo com leitura dirigida de autores pesquisadores da temática; ao estudo dos elementos que fundam a estética do grotesco, ou seja, o que é o grotesco ou como se manifesta a comunicação do grotesco; a audição, gravação e decupagem de um (e não cinco) programa do Mução, para o corpus de análise; e, por fim, a divulgação periódica on-line, através de redes sociais e blog, a serem criados, dos resultados das pesquisas.

Com relação aos pontos positivos, as redes sociais e, em especial, o blog, possibilitaram a divulgação dos estudos do projeto, além de servirem como uma considerável ferramenta de aproximação com o público-alvo da pesquisa, isto é, a comunidade acadêmica. Através destas redes de relacionamentos, bem como do blog foi possível criar plataformas virtuais para a emissão de conteúdos inerentes à iniciação científica.

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