sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Victor Hugo e o grotesco



Em primeiro de fevereiro chegou aos cinemas do Brasil o longa Les Misérables (Os Miseráveis), uma adaptação de um dos mais conhecidos espetáculos musicais da  Broadway, inspirado na obra de Victor Hugo, mesmo autor de outro famoso livro que também virou filme: "Notre-Dame de Paris" e seu inesquecível personagem Quasimodo, o Corcunda de Notre Dame.
 
O que poucos sabem é que Hugo foi o primeiro a teorizar o grotesco através do prefácio de Cromwell, presente em "Do Grotesco e do Sublime" (1827), no qual enfatiza a importância do fenômeno no drama e critica fortemente as idealizações artísticas, abrindo espaço para o extravagante, o feio, o desproporcional que passam a ser vistos por Hugo como a reinterpretação culta da espontaneidade popular. Assim, Victor Hugo transporta o grotesco para o campo da estética.

O grotesco como uma categoria desperta o que estetas italianos denominaram disgusto, a desarmonia do gosto, entendida não como um sinônimo de desprazer ou desgosto, mas o prazer direcionado a tudo aquilo que cause aversão aos padrões clássicos do “bom gosto”. Dentre as consequências provocadas está a atratividade espontânea a conteúdos (fictícios ou não) que expõem a  miséria, a desgraça, a infelicidade alheias.

Em Os Miseráveis Russell Crowe interpreta o inspertor Javert, incumbido de recapturar Jean Valjean (Hugh Jackman), preso após roubar um pão. Fugitivo, Valjean  assume uma nova identidade e passa a trabalhar em uma fábrica onde conhece Fantine (Anne Hathaway), uma jovem humilde abandonada pelo namorado quando ainda estava grávida. Sem condições financeiras para sustentar a filha, Fantine entrega Cosette (Amanda Seyfried) aos cuidados do casal  Thénardier, que a maltrata. A mulher perde o emprego e, para sobreviver, vende os próprios cabelos e dentes e se torna prostituta. Morre vítima de uma tuberculose. A história também envolve sonhos e paixões proibidos, especialmente o amor entre Cosett e Mário, mas o enredo principal e o que mais caracteriza o filme, está mesmo no sofrimento dos personagens.

O filme já foi assistido por mais de 60 milhões de pessoas em todo o mundo e concorre ao Oscar 2013 em oito categorias.


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