sexta-feira, 26 de julho de 2013

O rebaixamento corporal nas imagens midiáticas - um breve resumo

José de Arimathéia Cordeiro Custódio*

Dos anúncios publicitários de revistas às novelas, a exposição do corpo humano e a insinuação de prazeres sensuais (levemente proibidos pelo decoro) ligados a ele pode ser analisada à luz das idéias de Bakhtin (2002) para a obra de Rabelais.

Não se trata apenas da valorização do sexo, mais de um sentido bem maior, além da erotização, que alcança outros atos corporais humanos. Não é só do corpo que o autor fala em sua obra, mas da história do riso, do vocabulário da praça pública, das formas e imagens da festa popular, do banquete e das imagens grotescas, sempre tendo como referência Rabelais.

O corpo parece ter sido referência para o ser humano em todos os tempos e culturas, em maior ou menor grau. Os povos da Antiguidade também tinham certa noção do funcionamento do corpo humano. Herdou-se dos conhecimentos antigos a idéia de que a inteligência e a razão habitam a cabeça (cérebro), enquanto o peito guarda as emoções (coração). Do diafragma para baixo, porém, o que há são apenas funções iguais às de qualquer outro animal.

Entende-se então, desde as eras mitológicas, que o corpo humano possui funções superiores e inferiores (alto e baixo). Como criatura, ressoa a lógica cósmica, pois o próprio Universo apresenta a dicotomia alto/baixo em outras facetas da cultura, como a religiosa (Céu/Inferno).

Abaixo do diafragma ficam apenas os órgãos responsáveis por funções mais “baixas”, mais instintivas, mais animalescas – digestão/ assimilação e reprodução. Quanto ao sexo e à função reprodutora, não é preciso estender muito. Da música às piadas populares; dos livros escolares de Ciência aos provérbios; do Decameron de Bocaccio às histórias em quadrinhos; dos contos de Chaucer aos desenhos animados, qualquer ser humano, qualquer brasileiro médio, possui farto acervo de referências a respeito do sexo. Aqui, cabe apenas lembrar que ele está situado no “baixo”.

Claro que em alguns momentos tais partes do corpo foram valorizadas. Na Bíblia Hebraica, usava-se a palavra “rins” para se referir ao mais íntimo de alguém. E a condição da mulher na História humana era outra no tempo em que se pensava que apenas ela era responsável pela geração dos filhos.



*Especialista em Fotografia e Mestre em Linguística pela Universidade Estadual de Londrina. Veja artigo completo, clique aqui.

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