terça-feira, 5 de novembro de 2013

Teatralizando o grotesco


O teatro é uma das formas mais antigas de arte do mundo, tão antiga que é imprecisa a data de seu surgimento. Alguns estudiosos afirmam que seus surgimento se deu a partir de rituais primitivos, outros defendem seu início a partir da contação de histórias, ou se desenvolvido por intermédio de danças, jogos, imitações, há 80 000 anos. O fazer teatral está associado ao exagero e rebaixamento corporal em diversas vias, muitas das vezes com a finalidade de desviar-se das dificuldades constantemente encontradas nas produções comuns: baixo público e consequentemente baixa bilheteria. A saída para muitos desses produtores é investir nas comédias escrachadas - peças sem nenhum compromisso com a essência das artes cênicas. O improviso é a regra geral para fazer o público 'morrer' de rir e voltar várias vezes ao teatro.Os atores tem falar de alto, vestir-se e se maquiar de forma exageradas para prender a atenção do público e assim conquistá-los.

O teatro passou por diversas civilizações e permanece no cotidiano como uma das mais admiráveis e notáveis formas artísticas e é no grotesco em que grande parte dos grupos, principalmente quando pensamos no teatro contemporâneo brasileiro, que grandes grupos se fiam para contar suas estórias.

"Romeu e Juli...eeita", sucesso em Alagoas desde 2005.

Comédias escrachadas, como as alagoanas "Romeu e Juli...eeita" e "Romeu, Eva e Adão" são responsáveis por atrair pessoas de diversas classes ao teatro alagoano e em diversos estados brasileiros. Envolvendo o público em estórias lotadas de duplos sentidos, palavrões e chavões populares, as peças fazem rir ao tempo em que inserem em momentos alternados críticas sociais e políticas, apresentado ao público, em sua maioria alheia aos problemas sociais, um desmascaramento das convenções, rebaixando pelo riso os cânones e o “poder absoluto”, dando de bandeja uma crítica cruel e risível.

Romeu e Juli...eita !?!


Romeu e Julieta - versão de 1968.
Sátira do famoso texto Romeu e Julieta, do inglês William Shakespeare, a peça narra a intriga de duas famílias alagoanas de forma bem escrachada – os Capuleto da Silva, moradores da favela do Ouricuri, e os Montechio Pereira, da favela do Subaco da Ovelha. Quatro atores se revezam para interpretar 11 personagens durante a apresentação que é permeada por improvisos e que tratam também das atuais situações internacionais, nacionais e principalmente locais. Dirigida por Glauber Teixeira, Romeu e Juli..eeita!?! já foi assitida por mais de 100 mil pessoas; os ingressos variam de R$ 10,00 a R$ 20,00.

Christiano Marinho, o intérprete de Romeu, afirmou em entrevista cedida ao portal de notícias TNH1 que "esse tipo de comédia é um bom negócio”, que montava espetáculos infantis antes de ingressar na carreira humorística, mas nunca obteve êxito nos negócios, pois a maioria das apresentações não rendiam mais que duas dezenas de pessoas na plateia e completa: "Em 2005, com "Romeu e Juli...eeita!?!", fiquei surpreso comigo. Senti que, a partir daquele momento, poderia dar novo rumo na minha carreira. [...] Passei anos da minha vida fazendo teatro com conteúdo sério para 10, 20 pessoas." Christiano atualmente chega a fazer apresentações para um público de até 1000 pessoas e diz que costuma receber críticas do meio teatral local por investir nesse gênero e se defende: "faço teatro para o povo. Se o povo quer esse formato, vamos fazer! [...]", diz ele.


 Christiano Marinho, ator de Romeu e Juli...eeita!?!. Foto/Reprodução.

Romeu, Eva e Adão – A peça de comédia escrachada conta a história de Eva e Adão que ao chegar no Paraíso das Águas (Maceió) cruza com Romeu e Julieeita e acabam aprontando nos bairros Vergel e Jacintinho. Nota-se, aqui, que o próprio nome da peça gera, através de sua pronúncia, o trocadilho "Romeu é viadão" que na sátira tem o personagem Romeu fazendo gestos e perfornces exageradas. Além disso, os bairros escolhidos como cenários da história são considerados os mais violentos da capital alagoana.

O fazer teatral representa uma das primeiras formas massivas de gerar o riso grotesco, é a mãe e o pai da comédia que hoje conhecemos nas grandes mídias e emerge no momento atual como uma ferramenta livre das imposições das mídias massivas (TV, Rádio, Internet), alcançando novamente a população, usando o feio e inaceitável para chocar e criticar a sociedade, independente da camada social a qual pertença os espectador.


Vídeo divulgação do DVD Romeu, Eva e Adão.





Fontes consultadas:
 ALVES, Adailton. Uma Introdução a Estética do Grotesco. http://circularcohabs.blogspot.com.br/2006/12    /uma-introduo-esttica-do-grotesco.html. Acessado em 31 de outubro de 2013. 
O teatro. http://pt.wikipedia.org/wiki/Teatro. Acessado em 31 de outubro de 2013.
SODRÉ, Muniz; PAIVA, Raquel. O Império do Grotesco. Rio de Janeiro: Mauad, 2002.
Festival de teatro do grotesco. http://www.teatronext.com.br/espetaculos/2011/2grotesco.html. Acessado em 31 de outubro de 2013.
Romeu, Eva e Adão: http://tnh1.ne10.uol.com.br/noticia/agenda-cultural/2012/05/03/185727/peca-romeu-eva-e-adao-em-cartaz-no-centro-cultural-sesi
Romeu e Juli...eeita!?!: http://tnh1.ne10.uol.com.br/noticia/cultura/2010/11/28/119305/comedia-e-um-bom-negocio-em-alagoas-diz-ator-de-romeu-e-juli-eita

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