terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Análise estética da pegadinha "Pisca-pisca" do programa do Mução



A pegadinha analisada tem como vítima uma mulher chamada Célia, nordestina casada com Clodoaldo e que foi indicada por uma filha que repassou para a produção do programa do Mução um apelido muito indesejado por Célia. Ela possui uma movimentação involuntária da pálpebra, piscando excessivamente os olhos e por isso recebeu a alcunha de "pisca-pisca", nome dado às luzes de Natal usadas para decoração de árvores e imóveis nesta época do ano.  O personagem, interpretado por Rodrigo Emerenciano, identifica-se com um representante da IRA, Instituição de Reclamação Alheia, obviamente uma instituição fictícia, mas que recebe crédito da receptora do trote:

- Dona Célia, a gente tá ligando porque os vizinhos tem reclamado muito que vocês aí tão passando dos limites com essas coisa de conversa, de fofoca, dessas coisas, sabe?
- [..] Não, não, minha família é da paz, nós não gosta de fofoca.
- Teve uma mulher que ligou muito irritada e disse que a senhora ficava até de madrugada acordada olhando por cima do muro pra ficar pastorando quando a filha dela chegava com o namorado e inventou que ela tinha pegado um bucho dele.

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Sugestão de leitura: Estética da criação verbal


Mikhail Bakhtin

 

Prefácio

Mikhail Bakhtin (1895-1975) é uma das figuras mais fascinantes e enigmáticas da cultura européia de meados do século XX. A fascinação é facilmente compreensível: obra rica e original à qual nada pode ser comparado na produção soviética em matéria de ciências humanas. Mas a essa admiração acrescenta-se um elemento de perplexidade, pois somos inevitavelmente levados a perguntar: quem é Bakhtin, e quais são os traços distintivos de seu pensamento? Pois este tem facetas tão múltiplas que por vezes nos pomos a duvidar que se tenha originado sempre de uma única e mesma pessoa.

A obra de Bakhtin chamou a atenção do público em 1963, ano em que foi reeditada sua obra sobre Dostoievski, publicada originalmente em 1929 (e que já fora notada na época), numa forma sensivelmente modificada. Mas esse livro apaixonante, Problèmes de la poétique de Dostoïevski (trad. franc., 1970), bem que já colocava problemas, se nos interrogássemos sobre sua unidade. Compõe-se, em linhas gerais, de três partes bastante autônomas: o primeiro terço é constituído da exposição e da ilustração de uma tese sobre o universo romanesco de Dostoievski, expressa em termos filosóficos e literários; o segundo, de uma exploração de alguns gêneros literários menores, os diálogos socráticos, a menipéia antiga e as produções carnavalescas medievais, que são apresentados por Bakhtin como a raiz de que descenderia Dostoievski, enfim, o terceiro terço comporta um programa de estudos estilísticos, ilustrado por análises dos romances de Dostoievski.

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Sobre o grotesco


De acordo com os dicionários Abbagnano (1998),  “grotesco é tudo que diverge ao tipo natural", enquanto o brasileiro Aurélio (2004) o define como o “adjetivo que suscita o riso ou escárnio.” o Houaiss (2002), diz que o grotesco é a  “categoria estética cuja temática privilegia o disforme, o ridículo, o extravagante.”

O termo surgiu em Roma, no final do século XV, para denominar ornamentos estranhos encontrados nos porões do palácio de Nero, em frente ao Coliseu. A palavra deriva de grotta, “gruta”, “porão”, em italiano. No século XVI é usado para definir aquilo que é ridículo, bizarro ou extravagante e no século XIX o fenômeno passa a ser considerado uma categoria estética, através do prefácio de Cromwell, de Vitor Hugo.

Em 1987, Mikhail Bakhtin diz, através da obra A cultura popular na Idade Média e no Renascimento – o contexto de François Rabelais que a compreensão do grotesco se dá pela cultura popular:
 
Ao contrário da festa oficial, o carnaval era o fundo de uma espécie de libertação temporária da verdade dominante e do regime vigente, de abolição provisória de todas as relações hierárquicas, privilégios, regras e tabus. Era a autêntica festa do tempo, a do futuro, das alternâncias e renovações... (BAKHTIN, 1987, p. 8-9).

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Humor gráfico: caricatura, charge e cartum


O humor gráfico, isto é, impresso, se disseminou com o desenvolvimento das técnicas de impressão e a popularização do jornal, a partir do século XVIII. As ilustrações eram acompanhadas ou não de textos de conteúdo político ou social e as imagens satirizavam ou criticavam as atitudes de pessoas públicas.

Caricatura de James Gillray (1757-1815).
James Gillray, um caricaturista britânico que ridicularizava através de suas gravuras as vidas política e social da Inglaterra, no final do século XIX. Também no século  XIX, ficaram famosas as charges do ítalo-brasileiro Angelo Agostini, que demonstravam sua insatisfação para com o governo de Dom Pedro II.

Charge de Angelo Agostini (1843-1910).
A caricatura é a representação da figura humana, especialmente de pessoa pública, composta de traços exagerados e distorcidos, transformando-a em personagem cômico ou ridículo. Essa ilustração se faz presente em formas narrativas, como a charge, o cartum e a História em Quadrinhos de humor, seja pela estilização do traço do desenho, seja pelo retrato deformado de alguma personalidade.  

A caricatura é "interpretada voluntariamente de forma distorcida sob seu aspecto ridículo ou grotesco. É um desenho que, pelo traço, pela seleção de detalhes, acentua ou revela certos aspectos ridículos de uma pessoa ou de um fato. Na maioria dos casos, uma característica saliente é apanhada ou exagerada. "(FONSECA, 1999, In: SANTOS, 2012, p. 78.).

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Rituais de Sofrimento

Silvia Viana
 
Constrangimento, dor, palavrões, excreções, sensualidade vulgarizada, piadas de mal gosto. Este é o panorama da grande maioria dos programas humorísticos do Brasil, mais especificamente o Pânico na TV, exibe o que há de melhor no humor e o de mais pobre na humanidade. Um humor sem graça, mas muito apoiado e curtido por muitos.

A autora Silvia Rodrigues, em seu mestrado que virou livro, lançado em outubro deste ano, traça os caminhos do Rituais do Sofrimento, apresenta os porquês da espetacularização da violência, do humor grotesco, dos realitys alcançarem sucesso facilmente e conquista fãs. 

Fazendo uso de um estudo de caso, analisa os rituais e mecanismos de dominação em vários produtos televisivos da indústria cultural brasileira, com especial atenção ao maior deles, o Big Brother Brasil, no ar há treze anos. O estudo também abrange programas e filmes de Hollywood que perpetuam a mesma lógica brutal. Assim como no BBB, o assassino Jigsaw da franquia Jogos Mortais, por exemplo, não almeja a morte/eliminação de suas vítimas: ele quer que elas sobrevivam. Mais que isso, que sobrevivam a qualquer preço.

Bibliografia: RODRIGUES, Silvia Viana. Rituais de sofrimento. São Paulo, 2011. Disponível em PDF

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

XXIII Encontro de Iniciação Científica da UFAL


Por Fernanda Ferreira e Mirian Oliveira


Visando avaliar e tornar público os resultados das pesquisas pertencentes ao Pibic, ocorreu neste mês, entre os dias 03 e 05 de dezembro, o XXIII Encontro de Iniciação Científica, O dia 04 de dezembro foi reservado aos trabalhos na área de Comunicação Social e a pesquisa que deu origem a este blog esteve presente e mostrou os principais resultados obtidos durante a primeira fase do trabalho, que foi renovado por mais um ano. Este encontro, em específico, ocorre anualmente na Universidade Federal de Alagoas, UFAL, há mais de 20 anos, sendo organizado pela Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PROPEP).

Mirian Oliveira, bolsista Pibic.
A estudante do 7º período de Relações Públicas, Mirian Oliveira, falou sobre os resultados da pesquisa intitulada Programa do Mução: o império do riso grotesco e cruel nas ondas do rádio, diante da banca formada pelos professores Dr. José Homero de Souza Pires Júnior, da UNISINOS - RS e Dr. Pedro David Russi Duarte, da UNB.

Os trabalhos são avaliados por professores de outras Universidades, dentro do processo do PIBIC e os melhores serão premiados com o Certificado de Excelência Acadêmica e poderão ser convidados para serem reapresentados na Reunião Anual da SBPC que acontecerá em julho de 2014, na Universidade Federal do Acre. Este ano, foram apresentados 787 trabalhos oriundos do Pibic/Ufal  que oferece 575 bolsas, sendo 275 do CNPq, 200 com recursos da Propep e cem pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal). Além dos bolsistas, o Pibic conta com outros 350 alunos que participam dos projetos como colaboradores.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Fascínio pela violência: MMA

                                                                                           

Foto: Reprodução da internet.
A violência atrai públicos, independente de classes sociais, faixa etária e educação, por esse, dentre outros motivos – muito graças a grande mídia – uma luta, um tipo de combate formado por diversas artes marciais, conhecido antigamente como Vale Tudo, atual Mixed Martial Arts (MMA) e as lutas de Ultimate Fighting Championship (UFC), ganhou grande notoriedade e fãs em todo Brasil, invadindo noticiário e artigos esportivos.


A prática de artes marciais e mais especificamente o MMA e sua respectiva divulgação não é uma problemática, uma vez que a prática de esportes é bem vinda, independente da área de atuação dos esportistas. No entanto, a espetacularização da violência e adoração do público pela dor e sofrimento dos lutadores é forte dentro dos locais onde as lutas são realizadas.

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Animações adultas



É comum entre os brasileiros dizer que animação é coisa de criança e desenhos animados são fantasias feitas para agradar ao público infantil. No entanto, uma gama de animações adultas registram grande audiência e expressam, por meio do grotesco, críticas, posicionamentos políticos e as realidades de uma “sociedade hipócrita”.  Na postagem de hoje, você vai conhecer os desenhos adultos mais populares no Brasil:

Foto/Reprodução.
Os Simpsons - The Simpsons (no Brasil, Os Simpsons; em Portugal, Os Simpson) é uma sitcom de animação norte-americana criada por Matt Groening para a Fox Broadcasting Company. A série é uma paródia satírica do estilo de vida da classe média dos Estados Unidos, simbolizada pela família formada por Homer Jay Simpson, Marjorie (Marge) Simpson, Bartholomew (Bart) Simpson, Elisabeth (Lisa) Marie Simpson e Margareth (Maggie) Simpson. A série se passa na cidade de Springfield e satiriza a cultura e a sociedade americana, a televisão e vários aspectos da condição humana. 

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Comunicação e Educação em Portugal: vozes em conflito midiático


De Antonio Francisco Ribeiro de Freitas


Neste livro, o autor nos apresenta como a cobertura midiática aborda as questões educativas em Portugal, a partir das reformas educativas contemporâneas e dos conflitos entre os campos acadêmico e midiático. A obra foi lançada na primeira semana de novembro durante o 2º Congresso Luso Brasileiro Sobre Trabalho Docente e Formação, realizada na Universidade do Porto, em Portugal.

A obra, que se transformou em um livro-reportagem, começou a ser desenvolvida durante seu Pós-Doutorado em Mídia e Educação, em sua passagem pela Universidade do Porto no ano de 2007. O docente afirma ainda que o interesse principal foi analisar a construção da imagem negativa dos educadores pela mídia, por parte dos jornalistas formadores de opinião.


Bibliografia: FREITAS, Antonio Francisco Ribeiro de. Comunicação e educação em Portugal: vozes em conflito midiático. Maceió: Edufal, 2009.

Em entrevista cedida ao portal de notícias da Universidade Federal de Alagoas, Freitas afirma que a preocupação com a imagem construída pela mídia dos docentes daquele país e as similaridades entre o seu objeto de pesquisa e o Brasil serviram como mote para desenvolver o seu trabalho. 

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Publicidade e o Programa do Mução



A publicidade é a alma do negócio. Independente do estilo, fundamentação e objetivo de um produto comunicacional feito para a massa, a questão publicitária implícita ou explicita terá grande parcela de seu tempo e/ou conteúdo.

O Programa do Mução é um dos maiores destaques nos mundos radiofônico e do humor brasileiro, alcançando pelas ondas de praticamente todo o norte e nordeste e boa parte das demais regiões brasileiras e estando na internet por meio de sites e redes sociais. Como um grande meio de "informação" massiva, configura-se também como exemplo de persuasão entre ouvintes.

O personagem interpretado pelo jovem potiguar Rodrigo Vieira Emerenciano e os demais participantes da tribo do Mução atrai milhões de fãs e consequentemente publicidade, inserida em seus quadros para lá de controversos, repletos de gírias, palavrões, insinuações e estereótipos. O destaque do programa são as pegadinhas que vão ao ar entre 17:40 e 18:00 horas. O quadro consiste em telefonar para pessoas indicadas por familiares e amigos e insultar a vítima com fatos indesejáveis de sua vida, principalmente apelidos.

Utilizar-se do humor para fazer publicidade é uma ferramenta conhecida e eficaz do humor no Brasil, ainda no início do século XX com as revistas semanais ilustradas e os semanários. 

terça-feira, 19 de novembro de 2013

A arquitetura do cômico, segundo Bergson



Para finalizar o trabalho de Elizabeth Bastos Duarte intitulado "Sitcoms; das relações com o tom" presente no capítulo 6 da obra Humor e riso na cultura midiática, de Roberto Elísio e Reggina Rossetti (orgs.), apresento um breve resumo de uma das partes mais importantes do texto.


Para Bergson, as estratégias discursivas mais empregadas na arquitetura do cômico são:

  • repetição - de situações, comportamentos, atitudes;
  • referenciação - alusão ao que não é do conhecimento de todos;
  • reversibilidade - inversão de papéis;
  • ruptura - com as expetativas sociais, a transgressão de gêneros, de convenções;

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Hentai



Hentai é o nome atribuído a determinados desenhos e mangás japoneses. A palavra deriva da expressão Hentai seiyoku, que significa “perversão sexual” usada nos países ocidentais para referir-se à pornografia presente em determinados mangás japoneses. No Japão,  o vocábulo serve somente para referenciar material sexual de conteúdo forte, extremo, anormal ou perverso; já os termos “etchi” (pronúncia japonesa da letra H) e ero (erótico) são utilizados para referenciar material cujo conteúdo é simplesmente sexual. 

HISTÓRIA


Acredita-se que o hentai seja inspirado em formas de arte erótica que já existem no Japão desde o Período Edo, que ocorreu de 1600 a 1867. Naquela época, eram comuns gravuras tradicionais, conhecidas como ukiyo-e, que versavam todos os temas, inclusive o sexo e a nudez. Estas eram conhecidas como shunga, e utilizadas como manual para instruir recém-casados ao sexo, ou como objeto para auxiliar a masturbação. Muitas vezes, coleções de shunga eram dadas como presente de casamento para serem usadas na lua-de-mel.




Com a Restauração Meiji, foi introduzida no Japão a cultura ocidental, que tinha na época grandes barreiras morais à nudez em público. Com isso, o shunga entrou em decadência, mas a pornografia continuou a existir de forma mais escondida. O surgimento do hentai moderno começou após o fim da Segunda Guerra Mundial, quando permitiu-se novamente a publicação de material pornográfico. Entretanto, até 1991 era proibida no Japão a divulgação de material com pêlos púbicos, obrigando os artistas a não desenhá-los. Mesmo hoje em dia, a ausência de pelos é uma característica própria do Hentai, mas há muitas obras em que os pelos são desenhados pois não são mais proibidos.

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Sugestão de leitura: Uma História Cultural do Humor




Os homens nem sempre riem das mesmas coisas nem pelas mesmas razões. O livro "Uma História Cultural do Humor" investiga o poder do riso, da gargalhada, do deboche, do sarcasmo e de todas as outras formas de humor ao longo da história da humanidade. 

Sem pretender apresentar uma teoria abrangente para o humor e o riso, 'Uma história cultural do humor', organizado por Jan Bremmer e Herman Roodenburg, estuda o humor como uma chave para a compreensão de culturas, religiões, grupos sociais e profissionais. Para isso, os autores dos onze ensaios que compõem este volume se remetem a filósofos e oradores, doutores da Igreja e manuais de civilidade, pinturas e livros de piadas, registros e diários parlamentares. Assim, Jan Bremmer, professor de história da religião da Universidade de Groeningen, estuda o humor na Grécia Antiga, Fritz Graf analisa Cícero e Platão no riso romano e Jacques Le Goff, o riso na Idade Média.

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Sitcoms



Os sitcoms, em inglês comédias de situação, são produções televisivas que retratam situações do cotidiano das pessoas, normalmente de modo cômico, sob a forma de seriados semanais com episódios que duram de 30 a 40 minutos e que permanecem no ar enquanto houver audiência. Esses programas, que já tiveram presença marcante no meio televisivo brasileiro, conseguem captar, de acordo com Elizabeth Duarte, "[...] as nuances do humor nacional, desempenhando, talvez mais eficientemente que outros, as funções de entreter e, por que não, de fazer refletir."  (apud SANTOS e ROSSETTI, 2012, p. 149). As histórias, curtas e independentes, são contadas em cenários fixos nos quais personagens representam o cotidiano de um grupo ou de uma família com temas envolvendo os mais variados acontecimentos da vida real, azares, defeitos e peripécias que circundam o cotidiano comum, mesclados com um toque de humor, desviando-se assim da seriedade que expressam os temas.


Friends, A grande família, The Big Bang Theory, Two and a Half Men e muitos outros são exemplos de sitcoms. Foto; internet

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Teatralizando o grotesco


O teatro é uma das formas mais antigas de arte do mundo, tão antiga que é imprecisa a data de seu surgimento. Alguns estudiosos afirmam que seus surgimento se deu a partir de rituais primitivos, outros defendem seu início a partir da contação de histórias, ou se desenvolvido por intermédio de danças, jogos, imitações, há 80 000 anos. O fazer teatral está associado ao exagero e rebaixamento corporal em diversas vias, muitas das vezes com a finalidade de desviar-se das dificuldades constantemente encontradas nas produções comuns: baixo público e consequentemente baixa bilheteria. A saída para muitos desses produtores é investir nas comédias escrachadas - peças sem nenhum compromisso com a essência das artes cênicas. O improviso é a regra geral para fazer o público 'morrer' de rir e voltar várias vezes ao teatro.Os atores tem falar de alto, vestir-se e se maquiar de forma exageradas para prender a atenção do público e assim conquistá-los.

O teatro passou por diversas civilizações e permanece no cotidiano como uma das mais admiráveis e notáveis formas artísticas e é no grotesco em que grande parte dos grupos, principalmente quando pensamos no teatro contemporâneo brasileiro, que grandes grupos se fiam para contar suas estórias.

"Romeu e Juli...eeita", sucesso em Alagoas desde 2005.

Comédias escrachadas, como as alagoanas "Romeu e Juli...eeita" e "Romeu, Eva e Adão" são responsáveis por atrair pessoas de diversas classes ao teatro alagoano e em diversos estados brasileiros. Envolvendo o público em estórias lotadas de duplos sentidos, palavrões e chavões populares, as peças fazem rir ao tempo em que inserem em momentos alternados críticas sociais e políticas, apresentado ao público, em sua maioria alheia aos problemas sociais, um desmascaramento das convenções, rebaixando pelo riso os cânones e o “poder absoluto”, dando de bandeja uma crítica cruel e risível.

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Halloween


Como o blog já tratou em diversas postagens, o grotesco está intrinsecamente ligado à cultura popular, mais especificamente à oposição de determinados grupos populares em relação às regras e aos costumes vigentes, gerando assim um ambiente denominado "praça pública". Nas ideias de Bakhtin em Rabelais, a praça (ou feira) representa o local propício para as mais diversas manifestações da cultura popular; este tipo de espaço mantém estreita ligação com a festa, palavra de origem latina que tem conotações religiosas e possui forte ligação com o feriado e a feira pública.

A festa, em toda sua história, sempre foi considerada um lugar de ritualização dos conflitos em torno do controle social. Nela, de acordo com Sodré e Paiva (2002), podem acontecer o caos das identidades sociamente estabelecidas (paródias, ritos de inversão de papéis sociais), o descontrole das pulsões, e a subversão dos conceitos e das categorias (apelidos, jogos de linguagem). A festa guarda os traços semióticos da praça pública descrita por Bakhtin, mas além de expressão tradicional, ela é também um lugar de litígio entre cultura oficial/cultura popular ou rústico-plebeia.

Foto: Reprodução/internet.

O Halloween, no Brasil chamado de Dia das Bruxas,  é um evento tradicional e cultural que ocorre basicamente em países de língua inglesa, com maior relevância no Estados Unidos da América, e remonta às tradições dos povos que habitaram a Gália e as ilhas da Grã-Bretanha entre os anos 600 a.C. e 800 d.C. A palavra é oriunda do termo escocês "Allhallow-eve" que significa "véspera do Dia de Todos os Santos". Os Celtas acreditavam que o mundo seria ameaçado na véspera do evento pela ação de terríveis demônios e fantasmas. Dessa forma, o “halloween” nasce como uma preocupação simbólica onde a festa cercada por figuras estranhas e bizarras teria o objetivo de afastar a influência dos maus espíritos que ameaçariam suas colheitas.

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Muito além da gargalhada



Muito além do "fazer rir", o grotesco tem também a finalidade de chocar. Esse recurso estético é caracterizado por apoderar-se do rebaixamento corporal, mediado por deslocamentos de sentido e por referências às partes baixas do corpo, tais como os órgãos genitais e tudo o que é produzido por eles (urina, fezes, flatulências, etc.). A mostruosidade, vista em geral através das deformações físicas, também pode constatemente ser encontrada nas produções de conteúdo grosteco e  compõe o grotesco teratológico, uma das quatro espécies ou modalidades expressivas defendidas pelos professores brasileiros Muniz Sodré e Raquel Paiva na obra O império do grotesco (2002), as outras três são, a saber,  chocante, crítica e escatológica - esta última pode ser definida com o que inicia a postagem, ou seja representa situações que fazem referência a dejetos e secreções corporais, partes baixas do corpo, entre muitos outros. 

A mostruosidade e a conotação sexual ou o ato libidinoso mostrado  no cinema, na TV, em revistas, jornais e internet, e constantemente reproduzidos nas letras musicais e nas piadas de humorísticos do rádio, constitui um dos mecanismos mais utilizados por esses veículos de comunicação de massa como forma de obter visibilidade, alavancar a audiência, consquistar públicos e, obviamente, obter lucratividade. 

De acordo com Santaella (1992, p. 19) um dos aspectos das mídias está na concorrência existente entre esses meios, ao afirmar: “[...] mídias da mesma natureza, velada ou abertamente, competem entre si: canais de TV, jornais, revistas, etc. lutam pelos primeiros lugares de vendagem e audiência”. A partir das afirmações da autora é cabível fazer uma analogia acerca do que foi dito por Silverstone (1999). Segundo ele, são três os mecanismos de engajamento textual utilizados pelas mídias para persuadir, agradar e seduzir para, com isso, atrair o público desejado: a) a retórica, b) a poética e c) o erotismo. Para o autor, a linguagem midiática é persuasiva ao passo em que busca influenciar, mudar pensamentos, atitudes e valores a fim de alcançar interesses próprios. Ela produz encantamento por sua capacidade de criar histórias distantes do mundo real, que provocam fascínio, estimulando o prazer. Este, por sua vez, costuma manifestar-se acompanhado de certa dose de erotismo

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Humor e riso na cultura midiática

Roberto Elísio e Regina Rossetti

O riso é um fenômeno social e humano. Como um fenômeno tipicamente humano, o riso e o humor manifestam-se na cultura. E como um fenômeno social, na contemporaneidade de uma sociedade midiatizada, o riso e o humor manifestam-se na mídia. É nessa perspectiva que ‘trabalha’ a obra Humor e riso na cultura midiática - Variações e permanências, mais um lançamento de Paulinas Editora.

Organizada em nove capítulos pelos professores Roberto Elísio dos Santos e Regina Rossetti, pesquisadores do Programa de Mestrado em Comunicação da Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), a obra aborda o humor e o riso nos vários campos da comunicação: jornalismo, publicidade, televisão, cinema, rádio, além de falar do humor na caricatura, na charge, na história em quadrinhos, na crônica, na imagem, nos sitcoms, no cinema e na música popular brasileira.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

A cultura midiática e o humorismo


A cultura midiática e o humorismo é um dos temas abordados no trabalho de Roberto Elísio dos Santos que integra o primeiro capítulo da obra Humor e riso na cultura midiática - variações e permanências, intitulado Reflexões teóricas sobre o humor e o riso na arte e nas mídias massivas.


O artigo explana que a Revolução Industrial não trouxe apenas um sistema capitalista consolidado, mas possibilitou o surgimento de novas formas de comunicação que por intermédio de seus variados meios, impresso, televisivo, cinematográfico e radiofônico, passaram a fornecer conteúdo para um número cada vez mais crescente de receptores, além de  se tornarem fontes de lucro. Para vencer a concorrência, esses veículos utilizaram e utilizam até hoje recursos como o humor a fim de seduzir a audiência. "Ele se faz presente nos jornais e revistas (por meio da caricatura, da charge, do cartum e da História em Quadrinhos), no cinema, na programação radiofônica e televisiva, e recentemente passou a ser encontrado em sites." (SANTOS, 2012, p. 43).

Em uma sociedade que se afasta dos ditames morais e das amarras religiosas, na qual o hedonismo e o consumo são incentivados, onde há promessas incessantes de prazer, e que o riso não é apenas permitido, mas estimulado e exigido, o humor transforma-se em ferramenta de marketing a serviço da venda. Nessa sociedade do espetáculo e do devaneios, o humor pode ser comprado para ser usufruído por um determinado prazo. (SANTOS, 2012, p. 43).

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Riso e melancolia

De Sérgio Paulo Rouanet 


Nas primeiras linhas de 'Memórias póstumas de Brás Cubas', de Machado de Assis, o narrador avisa que adotou uma forma semelhante à de Sterne e Xavier de Maistre e que escreveu seu livro com a pena da galhofa e a tinta da melancolia. Diz ainda que em vez de começar a história a partir do início, preferiu contar primeiro o fim. No prólogo da terceira edição da obra, Machado adiciona o nome de Almeida Garrett aos dos inspiradores daquela forma 'difusa e livre' - todos eles viajantes, observa. Para Rouanet, os elementos enumerados por Machado bastam para definir uma forma, que denominou 'forma shandiana' - termo derivado do 'Tristram Shandy', de Sterne -, e cujas características estruturais são; hipertrofia da subjetividade; digressividade e fragmentação; tratamento especial dado ao tempo e ao espaço; e interpenetração de riso e melancolia. 

terça-feira, 8 de outubro de 2013

O bobo da corte


Bobo da corte, bufão, bufo ou simplesmente bobo é o nome pelo qual era chamado o "funcionário" da monarquia encarregado de entreter o rei e rainha e fazê-los rirem. Muitas vezes eram as únicas pessoas que podiam criticar o rei sem correr riscos,uma vez que sua função era fazê-lo rir, assim como os palhaços fazem nos dias atuais.

Bufão é um tipo característico do grotesco. Existe desde a idade média, estando presente na corte, no teatro popular, sendo cômico e considerado desagradável por apontar de forma grotesca os vícios e as características da sociedade. O corpo do bufão caracteriza-se pela deformidade e o exagero, sendo o excesso uma de suas principais características. Também apontado como Arlequim, Faustaff ou Bobo da corte.

Foto/Reprodução da internet.

O bobo teve origem no Império Bizantino. No fim das Cruzadas, tornou-se figura comum nas cortes européias, e seu desaparecimento ocorreu durante o século XVII. Vestia uniformes espalhafatosos, com muitas cores e chapéus bizarros com guizos amarrados. Inspirou a 13ª carta do baralho e, nos dias atuais, o famoso vilão, arquiinimigo do Batman.

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Como funciona o riso

Artigo extraído do site HowStuffWorks Brasil.

O que é risada


Em primeiro lugar, risada não é a mesma coisa que humor. O riso é a resposta fisiológica ao humor. A risada consiste em duas partes: um conjunto de gestos e a produção de um som. Quando rimos, o cérebro nos pressiona a realizar ambas as atividades simultaneamente. Quando damos gargalhadas, acontecem mudanças em muitas partes do corpo, até nos músculos do tronco, do braço e das pernas. Sob certas condições, nossos corpos executam o que a Enciclopédia Britânica descreve como "ações involuntárias, expiratórias, vocalizadas e rítmicas", mais conhecida como risada. 

Por que rimos


Muitos pesquisadores acreditam que o propósito do riso está relacionado com fazer e fortalecer as conexões humanas. "A risada acontece quando as pessoas sentem-se à vontade umas com as outras, quando se sentem abertas e livres. E quanto mais riso (há) maior vínculo (ocorre) dentro do grupo", diz o antropologista cultural Mahadev Apte. Esta resposta à "união" vínculo-risada-maior vínculo, combinada com o desejo de não ser discriminado pelo grupo, pode ser outra razão de porque o riso geralmente é contagioso. 
Foto/reprodução da internet.

As pessoas são 30 vezes mais propensas a rir em eventos sociais do que quando estão sozinhas (e sem estímulo pseudo-social da televisão). Mesmo o óxido nitroso ou o gás do riso, perde muito efeito quando empregado por uma pessoa sozinha, de acordo com o psicólogo alemão Willibald Ruch. 

O riso no cérebro


O estudo fisiológico do riso tem nome próprio: gelotologia. Pesquisadores observaram as seguintes atividades específicas:

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Humor e riso segundo Freud


Para Sigmund Freud, humor e sonho expressam desejos inconscientes com efeitos tranquilizadores, ao passo em que o cômico surge a partir de ações ou objetos de entretenimento, estranhos e ridículos, capazes de refletirem em risada pela percepção contrastante do que foi exposto ou emitido, e o humor como um comportamento caracterizado pela insensibilidade perante os infortúnios. Em todos esses casos, as normas vigentes são ignoradas, principalmente quando a expressão emitida ou objeto da comicidade tem conotação sexual, agressiva ou bizarra.
 
Sigmund Schlomo Freud (1922-1939)
O cômico está diretamente vinculado ao sonho, segundo Freud, através de seu estudo sobre o chiste e a relação deste com o inconsciente e o prazer advindo do humor. O chiste consiste na anedota, na piada ou mesmo no trocadilho que se reverte em riso, gerando  prazer ao tempo em que libera o ser humano de suas emoções reprimidas. 

Tanto o riso quanto o humor estão diretamente relacionados à sexualidade e à obscenidade, "e a importância de que se revestem esses fatores decorre do significado de distensão da face aos tabus impostos pela sociedade e interiorizados na mente dos indivíduos" (SANTOS; ROSSETTI, p. 29). A comicidade e o risível funcionam, então, como um mecanismo de defesa às ansiedades e angústias do sujeito, assim como ocorre nos sonhos.


Referência bibliográfica: SANTOS, Roberto Elísio dos; ROSSETTI, Regina. Humor e riso na cultura midiática: variações epermanências. São Paulo: Paulinas, 2012. P. 188-198.

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

O Hiper-realismo de Monica Cook e as ilustrações de Michal Dziekan



O ilustrador polonês Michal Dziekan insere o grotesco no cotidiano, misturando seres bizarros ao extremo. Desenhista e diretor de animações, caracterizou suas obras pelo exagero de seus personagem transpondo a realidade para a tela de um mundo imaginário.

Obras de Michal:



sexta-feira, 20 de setembro de 2013

História da feiura


Humberto Eco

Livro que dá sequência ao "História da Beleza". Aparentemente beleza e feiura são conceitos com implicações mútuas, e, em geral, entende-se feiura como oposto da beleza, tanto que bastaria definir a primeira para saber o que seria a outra. No entanto, as várias manifestações do feio através dos séculos são mais ricas e imprevisíveis do que se pensa habitualmente.

E, assim, tanto os textos antológicos quanto as extraordinárias ilustrações deste livro nos fazem percorrer um surpreendente itinerário entre pesadelos, terrores e amores de quase três mil anos, em que movimentos de repúdio seguem lado a lado com tocantes gestos de compaixão e rejeição da deformidade se faz acompanhar de êxtases decadentes com as mais sedutoras violações de qualquer cânone clássico. Entre demônios, loucos, inimigos horrendos e presenças perturbantes, entre abismos medonhos e deformidades que esploram o sublime, entre freaks e mortos vivos, descobre-se um veia iconográfica vastíssima e muitas vezes insuspeitada.

Bibliografia: ECO, Umberto. História da Feiura. Rio de Janeiro: Record, 2007.

História da Beleza


Se a Beleza está nos olhos de quem vê, é certo que esse olhar é influenciado pelos padrões culturais de quem observa. Afinal, o que é beleza? O que é arte? Com a perspicácia e erudição de sempre, Umberto Eco propõe essas indagações em seu novo livro, "História da Beleza", um ensaio sobre as transformações do conceito do Belo através dos tempos.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

O riso através do baixo


- Alô!
- Não, "alô" não, diga assim " é a da residência de peito de bola, o que é que você deseja, bebê?".
- Oxe, o que é que você quer com isso?!
- Homi,  fale baixo viu!
- "fale baixo" é você, seu fresco!
- Me respeite!
- Me respeite você também!
- E fale baixo!
- Eu falo alto que eu tô na minha casa!
-  E chame peito de bola.
- Vai comer merda, homi!
- Eu só como se você deixar o tira-gosto pro peito de bola.
- Você vai comer o  c* de sua mãe!
- Ei amigo, cale a boca viu?
- "cale a boca" não!
- Quem é esse anão?

O diálogo acima faz é uma das milhares de pegadinhas telefônicas do Hora do Mução, programa de rádio que vai ao ar diariamente a partir das dezessete horas, cobrindo 972 cidades brasileiras através de suas 59 afiliadas. Trata-se do marido de Filícia, irritado com o trote recebido pela esposa; ao longo da dicussão, outros parentes da "vítima" saem em sua defesa e no discurso de todos eles prevalece o grotesco escatológico, principalmente relacionado a dejetos humanos, a exemplo da palavra "merda", emitida pelos envolvidos no trote e não censurada pela produção do humorístico.

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Ligue o rádio: garantia de boas gargalhadas


A obra Humor e riso na cultura midiática - variações e permanências, de Roberto Elísio dos Santos e Regina Rossetti (orgs.) trás em seu penúltimo capítulo uma abordagem acerca do humor na programação radiofônica, identificando historicamente como esse recurso sonoro tem sido trabalho e suas aplicações para atrair ouvintes e patrocinadores.

Intitulado "Ligue o rádio: garantia de boas gargalhadas!", o texto produzido por Rúbia Vasques* explana que a gargalhada, enquanto manifestação sonora do riso, é um meio bastante utilizado nos programas de entretenimento, bem como na publicidade apesar de o rádio ser um veículo de comunicação de massa em posição "desfavorecida" em relação a outros meios, já que não trabalha com imagens. Para tanto, deve possuir uma linguagem "participativa, dialógica e bidirecional. Isso para que ela seja verdadeiramente comunicação e não meramente participação, difusão". (P. 189). Deve exigir ainda domínio das técnicas necessárias para a produção da piada, tais como o ritmo, entonação e elaboração e divisão dos quadros humorísticos.

A autora faz uma observação para o humor cruel, apropriador de estereótipos e assuntos relacionados ao nosso cotidiano que, nos produtos midiáticos, adquirem um teor que desvaloriza determinados grupos ou indivíduos sociais:

Há quem extrapole o humor, buscando ridicularizar e caracterizar ao extremo àqueles considerados humildes e marginalizados na sociedade. Com certa frequência ouvem-se caracterizações como, por exemplo, de homossexual, bêbado, idoso, gago, criança, entre outros. (SANTOS; ROSSETTI, 2012, p. 189.)

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Ética na Comunicação

Clóvis de Barros Filho


Como sugestão de leitura desta semana, apresentamos a obra do professor Clóvis de Barros Filho: 'Ética na Comunicação' empreende uma análise das regras do dever-ser jornalístico, ou seja, da deontologia das mídias. Contudo, Clóvis parte de pressuposto de que a discussão sobre a ética na comunicação deve partir de uma análise dos efeitos da mídia junto à sociedade. Assim, a partir de vários exemplos de notícias veiculadas na imprensa nacional e internacional, Clóvis analisa questões como a objetividade informativa da mídia, os processos de produção e de recepção das mensagens informativas e os efeitos que estas produzem na sociedade impondo temas e enfoques para distinguir a comunicação do que ele chama de 'pseudocomunicação'.

Bibliografia: BARROS FILHO, Clóvis. Ética na Comunicação. São Paulo: Summus, 2003. 

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Humor no YouTube: Porta dos Fundos


Os limites entre o que é engraçado ou a simples exploração do grotesco sempre rendem grandes discussões. No último ano, um grupo de atores que trabalhavam com humor se juntaram e vem dando o que falar e alcançando popularidade na mídia de forma geral, o Porta dos Fundos.

Integrantes do coletivo Porta dos Fundos.
Em seu site oficial, o grupo se descreve como um coletivo criativo que produz conteúdo audiovisual voltado para a web com qualidade de TV e liberdade editorial de internet. Idealizado por Antonio Tabet (Kibe Louco), Fabio Porchat, Gregório Duvivier, Ian SBF e João Vicente e Castro, o canal do You Tube brasileiro, é o maior do país e um dos maiores do mundo em número de visualizações e compartilhamentos em redes sociais, tendo mais 5 milhões de inscritos. 

Seus esquetes que tem duração média de 2 min abordam temas diversos de forma crítica e aleatória, fazem graça de tudo e de todos, aparentemente, sem papas na língua, usando de referências claras sobre políticos, líderes religiosos e figuras de destaque nacional. Constantemente abordam questões sociais, preconceitos e estereótipos incutidos na sociedade brasileira como a mulher na sociedade, sexualidade e política. Usam do escatológico e do teratológico em diversos vídeos, além de fazer uso constantemente de palavrões e chavões pesados.  

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Música e sensualidade: limites para o grotesco




O mundo da música, principalmente o Pop americano é cercado de escândalos, ex-ídolos teens costumam estampar capas e mais capas de revistas graças às polêmicas geradas por ações que ora "seduzem", ora “chocam” fãs e sociedade americana. No último final de semana uma apresentação, vista por muitos como grotesca, da cantora Miley Cyrus (ex- Hanna Montana) revoltou pais e gerou uma série de questionamentos referentes a educação e má influência desses artistas em seu público-alvo: os adolescentes.


Foto: reprodução.

Durante a tão falada apresentação no Video Music Awards 2013 (prêmio musical da Rede Music Television) Cyrus apresentou-se com uma roupa curta e fez o chamado twink (rebolada/ boquinha da garrafa) e gerou grande repercussão, fazendo com que a liga dos pais dos EUA pedissem que o prêmio passasse a ser exibido com controle de idade, temendo que seus filhos sejam influenciados pela apresentação. Muitos consideraram ofensivo do ponto de vista sexual, mas há também quem acrescente um ponto de vista racista para a apresentação da jovem de apenas 20 anos, dez desses no mundo a música.

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Estereótipos


Estereótipo é todo conceito infundado sobre um determinado grupo social ou individuo no qual lhe é atribuída uma propriedade, normalmente depreciativa e generalizada. O estereótipo costuma ser imposto de acordo o gênero, a etnia,  raça, questão  sócio-econômica, entre outros, podendo resultar em casos de  racismo, xenofobia, machismo, intolerância religiosa e homofobia, por exemplo.


Foto: Reprodução do Twitter.

A palavra deriva do grego stereos typos compondo "impressão sólida". Inventada por Firmin Didot, a palavra nasceu no mundo da impressão e refere-se à placa metálica criada para a impressão em si, em vez da prensa de tipos móveis.

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Bergson: Sobre o cômico e o riso


O riso está presente em nosso cotidiano, nas mais diversas sociedades e sob as mais variadas modalidades expressivas. É possível rir de tudo: do palhaço  fazendo estripolias no picadeiro, à tragédia envolvendo dezenas de vítimas fatais. Rimos porque somos humanos. Nossa espécie é a única que ri em todo o planeta e nenhum outro ser, inanimado ou não, possui o "dom" da comicidade. Mesmo um objeto ou animal que aparentemente suscite o riso é capaz de tal habilidade, eles apenas possuem características que lembram nossas atitudes.  Isso porque, como já dizia Aristóteles, o riso é propriamente humano.

Na obra O riso - ensaio sobre a significação do cômico, o filósofo francês Henri Bergson reúne as ideias apresentadas e defendidas por ele em três artigos publicados na Revue de Paris, em 1899. Na obra, Bergson pontua os mecanismos que, segundo ele, são determinantes no processo de produção do cômico e defende a existência de uma certa insenbilidade que naturalmente acompanha o riso, fundadamentalmente oriundo das relações sociais, funcionando como uma "resposta a certas exigências da vida comum". (BERGSON, 1899, p. 17).

A risada decorre, então, das atitudes involuntárias do corpo, das formas desajeitadas, dos desvios e do exagero, bem como do feio. Essas características são igualmente válidas para as linguagens verbal e escrita quando estão inseridas em uma ideia absurda ou distante dos padrões preestabelecidos:

(...)  A maior parte das palavras que dizemos apresenta um sentido físico e um sentido moral segundo as tomamos em sentido próprio ou figurado (...) Obtém-se sentido cômico quando se toma em sentido próprio uma expressão utilizada em sentido figurado (p.75-76).


Foto: reprodução do Twitter.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

O grotesco

Wolfgang Kayser



Para as moldagens do grotesco parecem haver convergido as angústias e as contradições de uma época que se vivencia e se concebe como a de um apocalipse absurdo. Tal confluência o converteu numa categoria estética exponencial da modernidade. E, de fato, somente os recursos desta arte poderiam dar configuração sensível a este nosso universo de existência, na dinamicidade frenética, alucinatória e infernal de suas transformações e a seu modo específico de captar a sua experiência histórica e humana.

Bibliografia: KAYSER, Wolfgang. O grotesco. São Paulo: Perspectiva, 2009.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

O rádio e a experiência estética na constituição do ouvinte

Adriano Lopes Gomes



O texto a seguir constitui um resumo extraído do trabalho do professor doutor do Departamento de Comunicação Social e do Programa de Pós-graduação em Estudos da Linguagem da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Adriano Lopes Gomes.


Foto: Google.
O rádio é um veículo de comunicação de massa que apresenta o sentido midiático da alteridade, ao produzir qualquer programa, o produtor deve ter em mente a noção de que vai dizer alguma coisa a alguém cujo conteúdo deve ser interessante, inteligível e que, sobremaneira, possa catalisar a atenção para aquilo que é comunicado. O outro, é o ouvinte por excelência, cujo imaginário reveste-se de singular aspecto ao se engajar no ato da escuta. O “eu” que fala e o “outro” que ouve mantêm, assim, estreita relação midiática, tendo a mensagem como ponto de concentração no qual irá se inscrever o processo de revelação dos sentidos.

A linguagem radiofônica, bem o sabemos, reúne elementos da oralidade, muitos de natureza paralinguística. Sendo linguagem falada, ainda que, ao narrar, o locutor venha a se apoiar em texto escrito, o espaço simbólico que daí resulta permite a inserção de componentes que vão além do simples gosto por ouvir rádio. Na ausência de imagens eletrônicas, o rádio passa a evocar situações próprias do imaginário do ouvinte. Por imaginário, entendemos o processo de cognição que decorre da capacidade de fantasiar, criar e representar imagens mentais. O imaginário é, por natureza, a faculdade que evoca situações ausentes ou distantes, reais ou fictícias, presentificando-as no universo mental do sujeito.
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